FCC - Agente Fiscal de Rendas (SEFAZ SP)/Gestão Tributária/2013

Em relação à teoria do consumidor, supondo-se curvas de indiferença com inclinações normais, é correto afirmar: 

a) Entre duas curvas de indiferença possíveis, a que representa um nível menor de satisfação do consumidor está situada à direita da outra. 

b) As curvas de indiferença são convexas em relação à origem porque a taxa marginal de substituição de um bem por outro ao longo da mesma é decrescente. 

c) A inclinação da reta orçamentária, em módulo, é maior do que a taxa marginal de substituição de um bem por outro no ponto correspondente à cesta ótima do consumidor. 

d) O efeito-substituição é sempre menor, em módulo, do que o efeito-renda, quando o bem X for inferior. 

e) Se o consumidor prefere a cesta de consumo A à cesta de consumo B e a cesta B, à cesta C, então, pelo princípio da transitividade, não se pode afirmar que o consumidor prefere a cesta A em relação à cesta C.

Resolução:

O enunciado do problema faz referência a curvas de indiferença com inclinações normais, ou seja, curvas de indiferença que atendem a todos os seis pressupostos básicos. Lembrando que a teoria microeconômica estabelece seis axiomas fundamentais (as preferências são completas, reflexivas, transitivas e individuas; o consumidor é não saciável, isto é, prefere sempre consumir mais do que menos; e a taxa marginal de substituição entre os bens é decrescente) para que os indivíduos consigam organizar e classificar suas cestas de consumo através de uma função de utilidade. Dadas essas considerações:

A assertiva A é falsa. A condição de que as preferencias são completas, reflexivas e transitivas permite ao consumidor ordenar suas cestas de consumo de tal forma que as curvas de indiferença não se interceptem. Além disso, devido a condição de insaciabilidade, curvas de indiferença mais altas, isto é, mais distantes da origem (localizadas à direita) representem níveis de satisfação maiores. Note que a assertiva afirma exatamente o contrário.

A assertiva B é verdadeiro. Para que o consumidor possa organizar, ordenar e classificar suas cestas de consumo sem incorrer em erros, equívocos ou contradições, é necessário que as curvas de indiferença sejam convexas em relação à origem. Essa condição é satisfeita se a taxa marginal de substituição entre os bens é decrescente.

A assertiva C é falsa. O equilíbrio do consumidor ocorre quando a inclinação da curva de indiferença de um consumidor se iguala à inclinação da reta orçamentária, isto é, quando a curva de indiferença mais alta de um mapa de indiferença tangencia a reta orçamentária do consumidor.

A assertiva D é falsa, mas cabe uma ressalva. A mudança no preço de um bem afeta a decisão de compra de um consumidor por causa de duas razões: a) devido à mudança na quantidade consumida de bens substitutos que se tornam relativamente mais baratos em relação ao bem que teve o preço majorado – o efeito substituição; e b) devido à mudança no poder de compra do consumidor – o efeito renda. O efeito total sobre a demanda de tal bem é a soma dos dois efeitos – substituição e renda – e é denominada como identidade de Slutsky.

No caso dos bens inferiores, o efeito renda é positivo, mas não o suficiente para superar o efeito substituição que é sempre negativo. Isso é, no caso dos bens meramente inferiores, o efeito substituição é maior do que o efeito renda em módulo. Já, no caso dos bens de Giffen, o efeito renda supera o efeito substituição. Logo, no caso dos bens de Giffen, o efeito renda é maior do que o efeito substituição em módulo. Porém, os bens de Giffen também são bens inferiores – extremamente inferiores – e representam um caso especial na teoria microeconômica.

A assertiva E é falsa. Pelo princípio da transitividade se uma cesta A é preferível a uma cesta B e essa por sua vez é preferível a outra cesta C, logo a cesta A é preferível a cesta C.

Gabarito: Letra B

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