MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS E OFERTA COMPETITIVA

1 - MERCADOS PERFEITAMENTE COMPETITIVOS

O modelo de competição perfeita baseia-se em três pressupostos básicos:

(1) as empresas são tomadoras de preços;

(2) homogeneidade do produto;

(3) livre entrada e saída de empresas.

Se essas três suposições de competição perfeita são válidas, as curvas de demanda e de oferta de mercado podem ser usadas para analisar o comportamento dos preços. Em muitos mercados, obviamente, é possível que elas não se apliquem de forma completa. Isso não significa, porém, que o modelo de competição perfeita deixe de ser útil. Alguns mercados, na verdade, quase satisfazem essa suposição. Mas, mesmo quando uma ou mais delas não se mantêm válidas, fazendo com que o mercado considerado não seja tido como perfeitamente competitivo, muito pode ser aprendido por meio de comparações com o ideal de mercado perfeitamente competitivo. 

2 - RECEITA MARGINAL, CUSTO MARGINAL E MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS

Dado que o lucro corresponde à diferença entre receita (total) e custo (total), para descobrirmos o nível de produção capaz de maximizar os lucros de uma empresa devemos analisar sua receita. Suponhamos que o nível de produção da empresa seja q e que  ela obtenha a receita R. Essa receita é igual ao preço do produto, P, multiplicado pelo número de unidades vendidas: R = Pq. O custo de produção, C, também depende do nível de produção. O lucro da empresa, π, é a diferença entre receita e custo:

π(q) = R(q) - C(q)

Para maximizar lucros, a empresa opta pelo nível de produção para o qual a diferença entre receita e custo seja máxima. Esse princípio é ilustrado na figura abaixo.


A receita R(q) é uma linha curva, o que reflete o fato de que a empresa só consegue vender uma quantidade maior de produto reduzindo seu preço. A inclinação dessa curva é a receita marginal, a qual mostra a variação da receita resultante do aumento de uma unidade na produção.

O produto q* é o nível que torna o lucro máximo. Notemos que, para níveis de produto acima de q*, o custo cresce mais depressa do que a receita, isto é, a receita marginal torna-se menor do que o custo marginal. Assim, o lucro torna-se menor do que o máximo possível quando o produto cresce além de q*.

A regra de que o lucro é maximizado quando a RMg = CMg é válida para todas as empresas, sejam competitivas ou não. O lucro π = R-C, é maximizado no ponto em que um incremento adicional no nível de produção mantém o lucro inalterado (isto é, Δπ/Δq = 0):

 Δπ/Δq =  ΔR/Δq -  ΔC/Δq = 0

ΔR/Δq é a RMg, e ΔC/Δq é o CMg. Dessa forma, podemos concluir que o lucro é maximizado quando RMg - CMg = 0, de modo que

RMg(q) = CMg(q)

Demanda e Receita Marginal para uma Empresa Competitiva

Como cada empresa de um setor competitivo vende apenas uma pequena fração das vendas ocorridas no setor, a quantidade que a empresa decidir vender não terá impacto sobre o preço de mercado do produto. O preço de mercado é determinado pelas curvas de demanda e de oferta do setor.

Indicaremos a produção e demanda do mercado com letras maiúsculas (Q e D), enquanto a produção e demanda da empresa serão indicadas por letras minúsculas (q e d).


A curva de demanda, d, enfrentada por determinada empresa em um mercado competitivo é, ao mesmo tempo, suas curvas de receita média e de receita marginal. Ao longo dessa curva de demanda, a receita marginal, a receita média e o preço são iguais.

Maximização de Lucros por Empresas Competitivas

Como a curva de demanda com a qual uma empresa competitiva se defronta vem a ser horizontal, de tal modo que RMg = P, a regra geral para maximização de lucros pode ser simplificada. Uma empresa perfeitamente competitiva deve escolher seu nível de produção de tal forma que seu custo marginal seja igual ao preço:

CMg(q) = RMg = P

Observe que, dado que as empresas competitivas consideram o preço como fixo, essa é uma regra para definir o nível de produção, não o preço.

3 - ESCOLHA DO NÍVEL DE PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO

No curto prazo, uma empresa opera com uma quantidade fixa de capital e deve escolher os níveis de seus insumos variáveis (trabalho e matéria-prima) para poder maximizar seus lucros. A figura abaixo mostra a decisão da empresa no curto prazo. As curvas de receita média e de receita marginal são desenhadas como linhas horizontais no nível de preço igual a $40.


O lucro é maximizado no ponto A, correspondente ao nível de produção q* = 8 e preço de $40, pois a receita marginal é igual ao custo marginal nesse ponto. Para melhor entender, note que, em um nível de produção mais baixo, digamos q1 = 7, a receita marginal é maior do que o custo marginal, portanto, o lucro poderia ser aumentado por meio de uma elevação da produção. A área sombreada entre q1 = 7 e q* mostra o lucro perdido associado ao nível de produção q1. Em um nível de produção mais elevado, digamos q2, o custo marginal é maior do que a receita marginal; sendo assim, uma redução no nível de produção poupa um custo que excede a redução na receita. A área sombreada entre q* e q2 = 9 mostra o lucro perdido associado ao nível de produção q2. Quando a produção é q*= 8, o lucro é representado pela área do retângulo ABCD.

As curvas RMg e CMg cruzam-se nos níveis de produção q0 e q*. Entretanto, no ponto q0, o lucro claramente não é maximizado. Um aumento na produção além de q0 resulta em um aumento no lucro, pois o custo marginal está muito abaixo da receita marginal. Podemos estabelecer a condição de maximização de lucro da seguinte forma: a receita marginal deve ser igual ao custo marginal em um ponto no qual a curva de custo marginal esteja em ascensão.

A figura também apresenta o lucro de uma empresa competitiva no curto prazo. A distância AB é a diferença entre preço e custo médio no nível de produção q*, que é o lucro médio por unidade de produto. O segmento BC mede o número total de unidades produzidas. Por conseguinte, o retângulo ABCD representa o lucro total da empresa.

Uma empresa nem sempre necessita obter lucros no curto prazo, como mostra a figura abaixo.


A principal diferença entre essa ilustração e a anterior é o custo fixo mais elevado da produção. Isso ocasiona uma elevação no custo total médio, porém não modifica as curvas de custo variável médio e de custo marginal. No nível de produção q*, que maximiza lucros, o preço, P, é inferior ao custo médio, de tal forma que o segmento AB mede o prejuízo médio associado a esse nível de produção. Da mesma forma, o retângulo ABCD agora mede o prejuízo total da empresa.

Quando se deve encerrar uma empresa?

A empresa deve encerrar suas operações quando seu preço for menor que seu custo variável médio (CVMe).

4 - CURVA DE OFERTA NO CURTO PRAZO DA EMPRESA COMPETITIVA

A figura abaixo ilustra a curva de oferta no curto prazo.


Observe que para qualquer ponto P situado acima do ponto mínimo de CVMe, a produção que maximiza o lucro pode ser encontrada diretamente no gráfico. Ao preço P1, por exemplo, a quantidade ofertada será q1; ao preço P2, ela será q2. Para todos os pontos P situados abaixo (ou na mesma altura) do ponto mínimo de CVMe, o produto que maximiza o lucro é igual a zero. Na figura, a curva de oferta no curto prazo como um todo consiste na parte hachurrada com pequenos traços do eixo vertical mais a parte da curva de custo marginal situada acima do ponto mínimo do custo variável médio.

As curvas de oferta no curto prazo para empresas competitivas apresentam inclinação ascendente pela mesma razão de os custos marginais aumentarem, ou seja, pela presença de rendimentos decrescentes em um ou mais fatores de produção. Em consequência, um aumento no preço de mercado induzirá as empresas que já estejam no mercado a aumentar a quantidade produzida. Os preços mais elevados não apenas tornam a produção adicional lucrativa como também elevam o lucro total, porque se aplicam a todas as unidades produzidas pela empresa.

Resposta da empresa a uma modificação de preço dos insumos

Quando o preço de seu produto varia, a empresa varia seu nível de produção, de tal forma que o CMg da produção permaneça igual ao preço. Entretanto, é frequente o preço do produto variar ao mesmo tempo em que variam os preços dos insumos. 

A figura abaixo apresenta a curva de custo marginal da empresa, que é de início representada por CMg1 quando o preço e seu produto é US$5. A empresa maximiza seus lucros com o nível de produção q1. Suponhamos agora que o preço de um dos fatores de produção aumente. Isso causa um deslocamento para cima na curva de custo marginal, que passará de CMg1 para CMg2, pois agora custa mais produzir para cada unidade de produto. O novo nível de produção capaz de maximizar lucros é q2, no qual P = CMg2. Portanto, o preço mais elevado do insumo faz a empresa reduzir seu nível de produção.


Se a empresa tivesse continuado a produzir q1, ela teria incorrido em prejuízo na última unidade produzida. De fato, qualquer produção além de q2 reduziria os lucros. A área sombreada da figura mostra as economias totais da empresa associadas à redução da produção de q1 para q2.

5 - CURVA DE OFERTA DE MERCADO NO CURTO PRAZO

A curva da oferta de mercado no curto prazo mostra a quantidade de produção do setor no curto prazo para cada preço possível. A produção do setor corresponde à soma das quantidades fornecidas por todas as empresas. Portanto, a curva de oferta de mercado pode ser obtida por meio da soma das curvas de oferta de cada empresa. A figura abaixo mostra de que forma isso é feito quando existem apenas três empresas, todas com diferentes custos de produção no curto prazo. A curva de custo marginal de cada empresa está desenhada apenas para o trecho que se situa acima da curva de seu custo variável médio. 


Para preços abaixo de P1, o setor não produzirá nada, porque P1 é o mínimo custo variável médio para a empresa de custo mais baixo. Entre P1 e P2, apenas a empresa 3 produzirá, portanto, a curva de oferta do setor será idêntica ao trecho da curva de custo marginal da terceira empresa, CMg3. Ao preço P2, a curva de oferta do setor será a soma das quantidades fornecidas pelas três empresas. 

Observe que a curva do setor apresenta inclinação ascendente, porém, sofre uma inflexão ao atingir o preço P2, o menor preço no qual as três empresas produzem. Quando existem muitas empresas no mercado, tal inflexão torna-se sem importância e, por essa razão, desenhamos curvas de oferta de mercado com formato de curvas regulares com inclinação ascendente.

Elasticidade da Oferta de Mercado

Infelizmente, determinar a curva de oferta de mercado nem sempre é tão simples como somar um conjunto de curvas de oferta de empresas. À medida que os preços aumentam, todas as empresas do setor expandem sua produção. Essa produção adicional aumenta a demanda por insumos de produção, podendo resultar em preços mais elevados. Como vimos na figura acima, a elevação dos preços dos fatores de produção o ocasiona um deslocamento das curvas de custo marginal das empresas para cima. Tal fato reduz as opções de escolha de produção de cada empresa e faz com que a curva de oferta do setor seja razoavelmente menos sensível a modificações de preço do produto.

A elasticidade preço de oferta de mercado mede a sensibilidade da oferta do setor ao preço de mercado. A elasticidade de oferta, Es, representa a variação percentual da quantidade ofertada, Q, em resposta a uma variação de 1% no preço, P:

Es = (ΔQ/Q)(ΔP//P)

Como a curva de CMg são ascendente, a elasticidade de oferta no curto prazo é sempre positiva. Quando os custos marginais aumentam depressa em resposta a aumentos de produção, a elasticidade da oferta é pequena. No curto prazo, as empresas encontram-se limitadas em sua capacidade de fornecimento, o que torna dispendioso aumentar o nível de produção. Entretanto, quando os CMg aumentam devagar em reposta a aumentos na produção, a oferta torna-se relativamente elástica; nesse caso, um pequeno aumento de preço é capaz de induzir as empresas a produzir quantidades substancialmente mais elevadas.

Um caso extremo é o da oferta perfeitamente inelástica, que surge quando as fabricas e os equipamentos do setor estão sendo tão plenamente utilizados que seria necessário a construção de novas fábricas para obter maiores níveis de produção. Outro caso extremo é o da oferta perfeitamente elástica, que surge quando os CMg são constantes.

Excedente do produtor no curto prazo

Se o custo marginal estiver aumentando, o preço do produto é superior ao CMg para cada unidade produzida, exceto para a última. Em consequência, as firmas obtêm excedente em todas as unidades menos a última. O excedente do produtor de uma empresa é a soma, para todas as unidades de produto, da diferença entre o preço de mercado de uma mercadoria e o custo marginal de sua produção. Assim sendo, o excedente do produtor mede a área situada acima da curva de oferta de um produtor e abaixo do preço de mercado.

A figura abaixo ilustra o excedente do produtor de uma empresa.

O nível de produção capaz de maximizar lucros é q*, no qual P=CMg. O excedente que o produtor obtém ao vender cada unidade é a diferença entre o preço e o custo marginal de produzi-la. O excedente do produtor é então a soma desses ''excedentes unitários'' sobre todo o intervalo que representa as unidades vendidas. O excedente do produtor é graficamente dado pela área sombreada situada abaixo da curva horizontal de demanda da empresa e acima de sua curva do custo marginal, do nível de produção 0 até o nível de produção q*, o qual maximiza lucros.

Quando somamos os custos marginais para cada nível de produção desde 0 até q*, descobrimos que a soma é igual ao custo variável total para a produção de q*. Os custos marginais refletem os incrementos de custos associados aos acréscimos de produção; uma vez que os custos fixos não variam com a produção, a soma de todos os custos marginais deve ser igual à soma dos custos variáveis da empresa. Portanto, o excedente do produtor pode alternativamente ser definido como a diferença entre receita da empresa e seu custo variável total. Na figura acima, o excedente do produtor pode ser também representado pelo retângulo ABCD, que é igual à receita (0ABq*) menos o custo variável (0DCq*).

Excedente do Produtor versus Lucro

O excedente do produtor está relacionado com o lucro, não sendo, porém, igual a ele. No curto prazo, o excedente do produtor é igual à receita menos o custo variável, ou seja, ao lucro variável. O lucro total, por outro lado, é igual à receita menos todos os custos, tanto variáveis como fixos:

Excedente do produtor = EP = R - CV

Lucro = R - CV - CF

Segue-se, portanto, que, no curto prazo, quando os custos fixos são positivos, o excedente do produtor é maior do que o lucro.

A dimensão do excedente do produtor para a empresa depende de seus custos de produção. Empresas de alto custo têm menor excedente do produtor, e empresas de baixo custo têm maior excedente. Somando-se os excedentes do produtor de todas as empresas, podemos determinar o excedente do produtor para o mercado. Isso pode ser visto na figura abaixo. A curva de oferta do mercado começa no eixo vertical no ponto de menor custo que uma firma apresenta no mercado. O excedente do produtor é representado pela área sombreada situada abaixo do preço de mercado do produto e acima da curva de oferta, entre os níveis de produção 0 e Q*.



6 - ESCOLHA DO NÍVEL DE PRODUÇÃO NO LONGO PRAZO

Maximização do Lucro no Longo Prazo


A figura abaixo mostra de que maneira uma empresa competitiva toma uma decisão de produção que maximiza o lucro no longo prazo.


Sua curva de custo total médio no curto prazo, CMeCP, e sua curva de custo marginal no curto prazo, CMgCP, são baixas o suficientes para que a empresa possa auferir um lucro positivo, representado pelo retângulo ABCD, no nível de produção q1, no qual CMgCP = P = RMg. A curva de custo médio no longo prazo, CMeLP, reflete a presença de economias de escala até o nível de produção q2 e deseconomias de escala para níveis mais elevados de produção. a curva de custo marginal no longo prazo, CMgLP, cruza, a partir de baixo, com a curva de custo médio no longo prazo no ponto q2, que é o ponto de custo médio mínimo no longo prazo.

O nível de produção no longo prazo que maximiza os lucros de uma empresa competitiva é aquele no qual o custo marginal no longo prazo se iguala ao preço.

Quando a empresa aufere lucro econômico zero, ela não tem incentivo para abandonar o setor e, por conseguinte, outras empresas também não encontram estímulo especial para entrar nele. Um equilíbrio competitivo no longo prazo acontece sob três condições:

1) Todas as empresas do setor estão maximizando lucro;

2) Inexistem estímulos por parte de qualquer empresa para entrar ou sair do mercado, pois todas estão auferindo lucro econômico igual a zero;

3) O preço do produto é tal que a quantidade ofertada pelas empresas do setor se iguala ao volume demandado pelos consumidores.

Renda Econômica

A renda econômica é definida como a diferença entre o valor que as empresas estão disposta a pagar por um insumo e o menor valor necessário para adquiri-lo.

Excedente do Produtor no Longo Prazo

Enquanto a renda econômica se refere a fatores de produção, o excedente do produtor refere-se ao produto. O excedente do produtor mede a diferença entre o preço de mercado e o custo marginal do bem. Portanto, no longo prazo, em um mercado competitivo, o excedente do produtor obtido por uma empresa por meio do produto que vende consiste na renda econômica que todos os seus insumos escassos lhe proporcionam.

7 - CURVA DE OFERTA DO SETOR NO LONGO PRAZO

O formato da curva de oferta no longo prazo depende da medida em que as expansões e contrações da produção do setor influenciam a determinação dos preços que as empresas necessitam pagar por seus insumos no processo produtivo. No caso em que há economias de escala na produção ou economia de custo associada à compra de grandes volumes de insumos, o preço destes cai à medida que a produção cresce. Já no caso de deseconomias de escala, o preço dos insumos pode crescer junto com a produção. A terceira possibilidade é que os custos de insumos não mudem com a produção. Em qualquer um desses casos, para determinar a oferta no longo prazo, adotamos a premissa de que todas as empresas têm acesso a tecnologia de produção existente. O nível de produção aumenta em consequência da utilização de mais insumos, e não graças a invenções. Supomos também que as condições subjacentes ao mercado de insumo não sofram variação à medida que o setor apresenta expansão ou contração. 

Em nossa análise da oferta no longo prazo, sera útil distinguir entre três tipos de setor: de custo constante, de custo crescente e de custo decrescente.

Setor de custo constante

A figura abaixo mostra a derivação da curva de oferta no longo prazo no caso de um setor de custo constante. A decisão da empresa sobre o nível de produção é apresentado em (a) enquanto o resultado agregado para o setor encontra-se em (b). 




Supomos que o setor no início se encontre em equilíbrio no longo prazo no ponto de interseção entre a curva de demanda de mercado D1 e a curva da oferta de mercado de curto prazo S1. O ponto A, localizado na interseção entre as curvas de demanda e de oferta, está sobre a curva de oferta no longo prazo SLP, o que nos diz que o setor produzirá Q1 unidades de produto quando o preço de equilíbrio no longo prazo for P1.

Vamos supor que a demanda aumentou.

Uma empresa típica inicialmente estará produzindo no nível de produção q1, no qual P1 é igual aos custos marginais e médio no longo prazo. No entanto, a empresa também se encontra em equilíbrio no curto prazo, de tal forma que o preço é igual ao custo marginal no curto prazo. Suponhamos que o aumento da demanda desloque a curva de demanda de mercado de D1 para D2. A curva de demanda D2 cruza com a curva de oferta S1 no ponto C. Em consequência, o preço sofre uma elevação de P1 para P2.

Quando o preço sobe para P2, a empresa segue sua curva de custo marginal e aumenta seu nível de produção para q2. Essa escolha de nível de produção maximiza o lucro, pois satisfaz a condição de que o preço seja igual ao  custo marginal no curto prazo. Se cada empresa reagir dessa maneira, cada uma delas obterá um lucro positivo no equilíbrio no curto prazo. Esse lucro atrairá investidores e fará com que as empresas já atuantes no setor expandam suas operações e que novas firmas entrem no mercado. 

Em consequência, a curva de oferta no curto prazo se desloca para a direita, de S1 para S2. Esse deslocamento faz o mercado se mover para um novo equilíbrio a ser alcançado no longo prazo, indicado pelo ponto de interseção entre D2 e S2. Para que esse ponto de interseção corresponda a um equilíbrio no longo prazo, o nível de produção necessita ser expandido o suficiente para que as empresas passem a auferir lucro zero e desapareça o estímulo para que empresas entrem ou saiam do setor.

Em um setor de custo constante, os insumos adicionais necessários para a obtenção de um nível mais elevado de produção podem ser adquiridos sem aumento no preço unitário. Uma vez que os preços dos insumos permaneçam inalterados, as curvas de custo da empresa também permanecerão inalteradas; o novo equilíbrio deverá estar situado no ponto B, na qual o preço é igual a P1, que é o preço original, anterior ao inesperado aumento de demanda ocorrido.

A curva de de oferta no longo prazo para um setor de custo constante é, portanto, uma linha horizontal, referente ao preço que iguala o mínimo custo médio de produção no longo prazo. Para qualquer preço superior haverá lucro positivo, mais empresas entrarão no setor, elevando a oferta no curto prazo, e haverá, por conseguinte, maior pressão para que os preços sejam reduzidos. Lembre-se de que, em um setor de custo constante, os preços dos insumos não se alteram quando varia o nível de produção do mercado. Setores de custo constante podem ter curvas horizontais de custo médio no longo prazo.

Setor de custo crescente

Nos setores de custo crescente, os preços de alguns ou de todos os insumos de produção sobem à medida que o setor expande e aumenta a demanda por estes. A figura abaixo mostra a derivação da curva de oferta no longo prazo.


O setor no início se encontra em equilíbrio no ponto A da parte (b). Quando a curva de demanda inesperadamente se desloca de D1 para D2, o preço do produto no curto prazo eleva-se para P2, e o nível de produção do setor sofre elevação de Q1 para Q2. A empresa tipica apresentada na parte (a) aumenta seu nível de produção de q1 para q2, reagindo ao preço mais elevado por meio de um deslocamento ao longo de sua curva de custo marginal no curto prazo. O lucro mais alto obtido por ela, assim como por outras empresas do setor, induz novas empresas a entrarem nessa atividade.

À medida que novas empresa entram no setor e o nível de produção se expande, a maior demanda por insumos faz o preço de alguns deles sofrer aumento. A curva de oferta de mercado no curto prazo desloca-se para a direita tal como ocorrera anteriormente, porém, não na mesma medida, de tal modo que o novo equilíbrio no ponto B resulta no preço P3 que é superior ao preço inicial P1. O preço de mercado mais elevado é necessário para poder assegurar que as empresas obtenham lucro zero no equilíbrio no longo prazo, já que os valores mais altos dos insumos provocam uma elevação das curvas no curto e no longo prazo. 

A figura (a) ilustra tal fato. A curva de custo médio no longo prazo desloca-se para cima, de CMe1 para CMe2, ao passo que a curva de custo marginal no curto prazo desloca-se para a esquerda, de CMg1 para CMg2. O novo preço de equilíbrio no longo prazo P3 é igual ao novo custo médio mínimo no longo prazo. Da mesma maneira que no caso de custo constante, o lucro mais elevado no curto prazo, provocado pelo aumento inicial da demanda, desaparecerá no longo prazo, à medida que as empresas aumentarem seus níveis de produção e os custos dos insumos apresentarem elevação.

O novo equilíbrio no longo prazo, representado pelo ponto B na figura (b), situa-se, portanto, sobre a curva de oferta no longo prazo do setor. Em um setor com custo crescente, a curva de oferta no longo prazo é ascendente. O setor exibe um nível mais elevado de produção, mas somente a preços mais altos, necessários para compensar o aumento nos custos dos insumos. O termo ''custo crescente'' refere-se ao deslocamento para cima ocorrido nas curvas de custo médio no longo prazo das empresas, e não à inclinação positiva da própria curva de custo.

Setor de custo decrescente

A curva de oferta do setor também pode ser descendente. Nesse caso, o inesperado aumento da demanda resulta em uma expansão da produção do setor, da mesma forma que o anteriormente ocorrido. No entanto, à medida que a empresa eleva seus níveis de produção, ela pode tirar proveito de sua dimensão para obter alguns de seus insumos a custos mais baixos. Nesse caso, as curvas de custo médio no curto prazo apresentam deslocamento para baixo (mesmo que as empresas não desfrutem de economias de escala) e o preço de mercado do produto apresenta uma redução. O preço de mercado mais baixo e um menor custo médio de produção induzem a um novo equilíbrio no longo prazo com um maior número de empresas participando do setor, assim como a um nível de produção mais elevado do setor a preços mais baixos. Portanto, em um setor de custos decrescente, a curva de oferta no longo prazo é descendente. 

Efeitos de um imposto

Suponhamos que o imposto sobre a produção esteja vigorando apenas para essa empresa e que, portanto, não influencia o preço de mercado do produto. A figura abaixo mostra as curvas de custo no curto prazo relevantes para uma empresa que desfruta de lucro econômico positivo, por meio da produção de q1 unidades e da venda de seu produto ao preço de mercado P1. Como o imposto atinge cada unidade produzida, ele eleva a curva de custo marginal da empresa de CMg1 para CMg2 = CMg1 + t, onde t é o imposto arrecadado por unidade produzida pela empresa. O imposto também eleva a curva de custo variável médio no montante t.

O imposto sobre a produção pode ter dois efeitos possíveis. Se a empresa pude obter ainda um lucro econômico positivo ou nulo após a imposição da taxação, ela irá maximizar o lucro ao escolher um nível de produção no qual o custo marginal mais o imposto tornam-se iguais ao preço de mercado do produto. O nível de produção da empresa cairá de q1 para q2, e o efeito implícito do imposto será o deslocamento para cima da curva de oferta da empresa no curto prazo (na medida do valor do imposto). Se, porém, a empresa não puder obter um lucro econômico após a taxação, ela deverá optar por sair do mercado.

Agora, suponhamos que todas as empresas do setor estejam sujeitas ao imposto, tendo, assim, seus custos marginais elevados. Como cada empresa reduz seu nível de produção ao atual preço de mercado, o volume total ofertado pelo setor também apresentará redução, fazendo o preço do produto sofrer uma elevação. A figura abaixo ilustra tal fato, mostrando que um deslocamento para cima na curva de oferta, de S1 para S2 = S1 + t, provoca um aumento no preço de mercado (ainda que inferior ao montante do imposto), de P1 para P2. As empresas diminuirão seus níveis de produção menos do que o fariam caso não houvesse essa elevação de preços.


Por fim, a taxação da produção pode encorajar algumas empresas a sair do setor. Nesse processo, a taxação eleva a curva de custo médio no longo prazo para cada uma das empresas desse ramo.

Elasticidade da Oferta no Longo Prazo

A elasticidade da oferta de um setor no longo prazo é definida da mesma forma que a elasticidade no curto prazo. Ela é a variação percentual do produto (ΔQ/Q) que resulta de uma variação percentual no preço (ΔP/P). Em um setor de custo constante, a curva de oferta no longo prazo é horizontal e a elasticidade no longo prazo é infinitamente grande. Entretanto, em um setor de custo crescente, a elasticidade de oferta no longo prazo é positiva, mas finita. Como as empresas podem se ajustar e se expandir no longo prazo, é de se esperar que as elasticidades no longo prazo sejam maiores do que aquelas no curto prazo. A magnitude da elasticidade dependerá dos aumentos nos custos dos insumos conforme o mercado se expandir. Por exemplo, um setor que dependa de insumos que se encontram amplamente disponíveis provavelmente apresentará uma elevada elasticidade no longo prazo. Já um setor que dependa de insumos mais escassos poderá apresentar uma elasticidade no longo prazo muito mais baixa.






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