BACEN - 2009 - CONHECIMENTOS GERAIS - QUESTÃO 43
O II PND pretendia implantar um conjunto ambicioso de projetos de bens de capital e insumos básicos, porém projetava taxas de crescimento do produto mais modestas daquelas obtidas pelo I PND. Isso implicava fazer uma discreta desaceleração da economia e, ao mesmo tempo, canalizar os recursos disponíveis para as áreas privilegiadas pelo novo plano de desenvolvimento.
Os segmentos econômicos eleitos pelo II PND foram alvo de um conjunto de privilégios que compreenderam desde tarifas alfandegárias mais elevadas para a importação de produtos concorrentes do exterior, até linhas especiais de financiamento do BNDE com taxas de juros que se revelariam irrisórias, e barateavam consideravelmente o custo dos empreendimentos, principalmente das fábricas de bens de capital. Como foi dito, o choque do petróleo condicionara a priorização da produção de petróleo, energia elétrica e certos segmentos de insumos básicos, como a siderurgia de aços planos e várias matérias-primas para a petroquímica. Nesse segmento da indústria pesada, foi preciso contar com a participação de empresas estatais, pois somente elas seriam capazes de reunir os requisitos para a viabilização dos grandes projetos. Já os empresários nacionais ficavam com o importante segmento de bens de capital seriados ou sob encomenda, que usufruíram de financiamentos com correção monetária fixa de 20% ao ano, para uma inflação média de quase o dobro. Com o decorrer do tempo, as parcelas desses financiamentos tornaram-se irrisórias e revelaram-se verdadeiros presentes de papai noel para as empresas contempladas. Essa é uma das razões pelas quais vários grupos econômicos de médio porte transformaram-se, da noite para o dia, em grandes empresas.
O II PND alterou a correlação de forças entre o capital estrangeiro e o nacional, privilegiando, explicitamente, este último nos projetos de bens de capital. Na opinião de Geisel e de seu Ministro da Indústria e Comércio Severo Gomes, o tripé de sustentação da industrialização brasileira, formado pelo capital estrangeiro, setor estatal e capital nacional, estava desequilibrado devido à fraqueza do setor nacional, que não possuía nem os recursos do setor estatal e nem o poder tecnológico e financeiro das empresas estrangeiras.
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