BACEN - 2009 - CONHECIMENTOS GERAIS - QUESTÃO 43

43 - A crise econômica decorrente do grande aumento dos preços do petróleo, em 1973, teve como resposta, no Brasil, a adoção do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND). A execução de tal plano 

(A) freou o crescimento da economia brasileira para reduzir as importações de petróleo. 

(B) aumentou a demanda interna por bens de consumo, ao redistribuir a renda para as classes mais pobres. 

(C) reduziu o endividamento externo do Brasil por meio de uma política de diminuição das importações. 

(D) causou um impacto deflacionário sobre a economia brasileira, provocado pela forte recessão doméstica. 

(E) buscou superar a dependência externa, investindo na ampliação da produção doméstica de bens de capital e de petróleo.

Resolução:

Assim como ocorreu com o conjunto da economia mundial, o ano de 1973 pode ser considerado o início de uma nova fase para a economia brasileira. A recessão internacional que se seguiu ao choque do petróleo naquele ano teve reflexos diretos no Brasil, com o fim do “milagre econômico” iniciado em 1968. Ao mesmo tempo, a posse do governo Geisel, em março de 1974, inaugurou um nova fase da política nacional, com maior questionamento por parte da opinião pública, fortalecimento da oposição civil ao regime militar e maior dificuldade na aplicação das políticas econômicas vistas como ideais pelo governo brasileiro. Foi nesse contexto que o novo governo decidiu, em fins de 1974, lançar um ambicioso programa de investimentos – o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) – que visava combinar a manutenção de altas taxas de crescimento com a mudança no estilo do desenvolvimento econômico brasileiro.

O II PND pretendia implantar um conjunto ambicioso de projetos de bens de capital e insumos básicos, porém projetava taxas de crescimento do produto mais modestas daquelas obtidas pelo I PND. Isso implicava fazer uma discreta desaceleração da economia e, ao mesmo tempo, canalizar os recursos disponíveis para as áreas privilegiadas pelo novo plano de desenvolvimento.

Os segmentos econômicos eleitos pelo II PND foram alvo de um conjunto de privilégios que compreenderam desde tarifas alfandegárias mais elevadas para a importação de produtos concorrentes do exterior, até linhas especiais de financiamento do BNDE com taxas de juros que se revelariam irrisórias, e barateavam consideravelmente o custo dos empreendimentos, principalmente das fábricas de bens de capital. Como foi dito, o choque do petróleo condicionara a priorização da produção de petróleo, energia elétrica e certos segmentos de insumos básicos, como a siderurgia de aços planos e várias matérias-primas para a petroquímica. Nesse segmento da indústria pesada, foi preciso contar com a participação de empresas estatais, pois somente elas seriam capazes de reunir os requisitos para a viabilização dos grandes projetos. Já os empresários nacionais ficavam com o importante segmento de bens de capital seriados ou sob encomenda, que usufruíram de financiamentos com correção monetária fixa de 20% ao ano, para uma inflação média de quase o dobro. Com o decorrer do tempo, as parcelas desses financiamentos tornaram-se irrisórias e revelaram-se verdadeiros presentes de papai noel para as empresas contempladas. Essa é uma das razões pelas quais vários grupos econômicos de médio porte transformaram-se, da noite para o dia, em grandes empresas.

O II PND alterou a correlação de forças entre o capital estrangeiro e o nacional, privilegiando, explicitamente, este último nos projetos de bens de capital. Na opinião de Geisel e de seu Ministro da Indústria e Comércio Severo Gomes, o tripé de sustentação da industrialização brasileira, formado pelo capital estrangeiro, setor estatal e capital nacional, estava desequilibrado devido à fraqueza do setor nacional, que não possuía nem os recursos do setor estatal e nem o poder tecnológico e financeiro das empresas estrangeiras.

Gabarito: Letra E

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