FGV - Analista Bancário (BNB)/2014

SEM SOLUÇÃO

Carlos Heitor Cony - Folha de São Paulo

Foi melancólico o 1º de Maio deste ano. Não tivemos a tragédia do Riocentro, que até hoje não foi bem explicada e, para todos os efeitos, marcou o início do fim da ditadura militar.

Tampouco ressuscitamos o entusiasmo das festividades, os desfiles e a tradicional arenga de um ditador que, durante anos, começava seus discursos com o famoso mantra: "Trabalhadores do Brasil".

De qualquer forma, era um pretexto para os governos de plantão forçarem um clima de conciliação nacional, o salário mínimo era aumentado e, nos teatros da praça Tiradentes, havia sempre uma apoteose patriótica com os grandes nomes do rebolado agitando bandeirinhas nacionais. Nos rádios, a trilha musical era dos brados e hinos militares, na base do "avante camaradas".

Este ano, a tônica foram as vaias que os camaradas deram às autoridades federais, estaduais e municipais. Com os suculentos escândalos (mensalão, Petrobrás e outros menos votados), as manifestações contra os 12 anos de PT, que começaram no ano passado, só não tiveram maior destaque porque a mídia deu preferência mais que merecida aos 20 anos da morte do nosso maior ídolo esportivo.

Depois de Ayrton Senna, o prestígio de nossas cores está em baixa, a menos que Paulo Coelho ganhe antecipadamente o Nobel de Literatura e Roberto Carlos dê um show no Teatro alla Scala, em Milão, ou no Covent Garden, em Londres.

Sim, teremos uma Copa do Mundo para exorcizar o gol de Alcides Gighia, na Copa de 1950, mas há presságios sinistros de grandes manifestações contra o governo e a FIFA, que de repente tornou-se a besta negra da nossa soberania.

A única solução para tantos infortúnios seria convidar o papa Francisco para apitar a final do Mundial, desde que Sua Santidade não roube a favor da Argentina.

A alternativa em que o termo sublinhado está empregado em sentido lógico ou denotativo é:

a) “Este ano, a tônica foram as vaias que os camaradas deram às autoridades federais, estaduais e municipais”; 

b) “Com os suculentos escândalos (mensalão, Petrobrás e outros menos votados), as manifestações contra os 12 anos de PT,...”; 

c) “... que começaram no ano passado, só não tiveram maior destaque porque a mídia deu preferência mais que merecida aos 20 anos da morte do nosso maior ídolo esportivo”; 

d) “Depois de Ayrton Senna, o prestígio de nossas cores está em baixa...”; 

e) “Sim, teremos uma Copa do Mundo para exorcizar o gol de Alcides Gighia, na Copa de 1950...”.

Resolução:

Sentido Conotativo: quando a palavra é empregada no sentido figurado, não real.

Ex.: eu sou burro. ...... Notem que "burro" foi empregado no seu sentido figurado. Neste caso, "burro" não equivale ao animal que come capim, mas sim a uma pessoa "não inteligente".

Sentido Denotativo: quando a palavra é empregada no sentido real. DicaDenotativo = Dicionário.

Ex.: o burro é um animal forte. ...... Notem que "burro" foi empregado no seu sentido real — animal.

Vamos à questão?!

A alternativa em que o termo sublinhado está empregado em sentido lógico ou denotativo é:

a) “Este ano, a tônica foram as vaias que os camaradas deram às autoridades federais, estaduais e municipais”; == Errada.

No dicionário, o termo "camarada" significa "amigo", "colega". Obviamente, no contexto, a palavra "camaradas" não foi empregada no sentido de "amigos". Tal expressão faz referência ao povo, pois foi o povo que vaiou as autoridades federais, estaduais e municipais.

Portanto, a expressão "os camaradas" foi usada no sentido conotativo.

b) “Com os suculentos escândalos (mensalão, Petrobrás e outros menos votados), as manifestações contra os 12 anos de PT,...”; == Errada.

No dicionário, o termo "suculento" significa "nutritivo", "sumarento". Tal palavra, em sentido denotativo, refere-se a comida. Entretanto, no contexto, ela não foi empregada no sentido de "nutritivos". Pode-se concluir que o vocábulo "suculentos" foi empregado no sentido de "grandes".

Portanto, a palavra "suculentos" foi usada no sentido conotativo.

c) “... que começaram no ano passado, só não tiveram maior destaque porque a mídia deu preferência mais que merecida aos 20 anos da morte do nosso maior ídolo esportivo”; == Correta.

No dicionário, o termo "mídia" significa "conjunto dos meios de comunicação". No contexto, a palavra "mídia" foi usada exatamente neste sentido.

Então, a palavra "mídia" foi usada no sentido denotativo.

d) “Depois de Ayrton Senna, o prestígio de nossas cores está em baixa...”; == Errada.

A expressão "nossas cores" foi usada no sentido do "nosso Brasil".

Portanto, "nossas cores" foi usada no sentido conotativo, já que "cores" não foi empregada com seu real significado.

e) “Sim, teremos uma Copa do Mundo para exorcizar o gol de Alcides Gighia, na Copa de 1950...”. == Errada.

No dicionário, o termo "exorcizar" significa "expulsar algo (geralmente demônios) de alguém". Entretanto, no contexto, a palavra"exorcizar" não foi empregada no sentido de "expulsar".

Portanto, a palavra "exorcizar" foi usada no sentido conotativo.


Gabarito: Letra C

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