MPU - 2013 - ECONOMISTA - Questão 108
O plano Bresser objetivava, basicamente, promover um choque deflacionário na economia, buscando evitar os erros do Plano Cruzado. A inflação foi diagnosticada como inercial e de demanda e, em consequência, o plano foi concebido como híbrido, contendo elementos heterodoxos e ortodoxos.
Pelo lado do diagnóstico ortodoxo, as políticas fiscal e monetária, ao contrário do ocorrido no Cruzado, seriam ativamente usadas contra a inflação. Os juros reais positivos serviriam para contrair o consumo e também evitar a especulação com estoques. Pretendia-se reduzir o déficit público através do aumento de tarifas, eliminação do subsidio do trigo, corte de gastos e redução do investimento público.
Do lado heterodoxo, foi decretado um congelamento de preços e salários no nível vigente quando do anúncio do Plano, a ser realizado em três fases:
1) Congelamento total por três meses;
2) Flexibilização do congelamento;
3) Descongelamento.
Os salários ficavam indexados a uma nova base: a Unidade de Referência de Preços (URP), que era prefixada a cada três meses com base na taxa média de inflação (geométrica) dos três meses precedentes. Com o objetivo de acabar com o gatilho salarial, foi introduzido, através da URP, um esquema em que se garantia a correção mensal, mas ao mesmo tempo aumentava a defasagem entre a inflação do mês e seu repasse para os salários. Consequentemente, se a inflação do mês se acelerasse ou desacelerasse, a variação seria suavizada pela média. Para evitar deterioração das contas externas semelhantes à verificada nos primeiros meses do Plano Cruzado, a taxa de câmbio não foi congelada.
Não foi criada um a nova moeda.
O Plano Bresser teve certo sucesso inicial na redução da inflação. Diferentemente do Cruzado, todavia, não pretendia nem obteve inflação próxima de zero nos primeiros meses. Após o fracasso do Cruzado, o congelamento pretendido pelo governo não foi respeitado. Diante do temor de um novo congelamento, houve remarcações preventivas de preço, que contribuíram para aumentar o desequilíbrio entre preços relativos. Além disso, a flexibilização anunciada contribuiu para que os aumentos decretados pelo governo no início do plano fossem repassados para outros preços. Acordos salariais firmados com categorias do funcionalismo acabaram por minar também a redução do déficit público pretendido pelo governo e contribuíram para a elevação da taxa mensal de inflação.
O melhor resultado partiu das contas externas, com a flexibilização do câmbio.
Diante da resistência à proposta de reforma tributária e com a crescente insatisfação da população, o ministro Bresser-Pereira pediu demissão, sendo substituído por Maílson da Nobrega, em janeiro de 1988. Este iria introduzir um conjunto de medidas apelidadas de ''feijão com arroz''.
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