1 - COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA
Mercado no qual as empresas podem entrar livremente, cada uma produzindo sua própria marca ou uma versão de um produto diferenciado.
Características da competição monopolística
Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas características-chave:
1 - As empresas competem vendendo produtos diferenciados, altamente substituíveis uns pelos outros, mas que não são, entretanto, substitutos perfeitos. Em outras palavras, as elasticidades preço da demanda cruzada são grandes, mas não infinitas.
2 - Há livre entrada e livre saída: é relativamente fácil a entrada de novas empresas com marcas próprias e a saída de empresas que já atuam no mercado, caso os produtos deixem de ser lucrativos.
Equilíbrio no curto e no longo prazos
Como ocorre com o monopólio, na competição monopolística as empresas se defrontam com curvas de demanda descendentes. Por isso, elas têm algum poder de monopólio. Mas isso não significa que empresas monopolisticamente competitivas tenham possibilidade de obter altos lucros. A competição monopolística também se assemelha à competição perfeita: como há livre entrada, a possibilidade de obter lucros atrairá novas empresas com marcas competitivas, o que tenderá a reduzir os lucros econômicos a zero.
A figura abaixo apresenta o equilíbrio de uma empresa monopolisticamente competitiva.
Como o produto dessa empresa difere dos produtos dos concorrentes, sua curva de demanda Dcp é descendente. (Essa é a curva de demanda da empresa, e não a curva de demanda do mercado, que apresenta inclinação muito mais acentuada). A quantidade capaz de maximizar lucros Qcp encontra-se no ponto de interseção entre as curvas de receita marginal e de custo marginal. Como o preço correspondente, Pcp, é maior do que o custo médio, a empresa obtém lucro, o qual é representado pelo retângulo sombreado.
No longo prazo, o lucro induzirá a entrada de novas empresas. À medida que elas introduzirem marcas concorrentes, essa empresa perderá vendas e participação no mercado; a curva de demanda será deslocada para baixo, como mostra a figura abaixo.
A curva de demanda no longo prazo, Dlp, será tangente à curva de custo médio da empresa. Aqui, a maximização do lucro implica produção da quantidade Qlp ao preço Plp. Também implica lucro zero, porque o preço é igual ao custo médio. Nossa empresa ainda tem poder de monopólio: a curva de demanda no longo prazo tem inclinação descendente, porque sua marca específica é ainda a única no mercado. Mas a entrada e a concorrência de novas empresas fizeram com que o lucro se tornasse igual a zero.
Competição monopolística e eficiência econômica
Na competição perfeita, como mostra o diagrama (a), o preço é igual ao custo marginal; porém, na competição monopolística, o preço ultrapassa o CMg. Gera-se, assim, um peso morto, representado pela área sombreada no diagrama (b). Nos dois tipos de mercado, a entrada de novas empresas ocorre até que os lucros tenham sido reduzidos a zero. Na competição perfeita, a curva de demanda com que a empresa se defronta é horizontal, de tal modo que o ponto de lucro zero ocorre no ponto de custo médio mínimo. Na competição monopolística, a curva de demanda é descendente e o ponto de lucro zero localiza-se à esquerda do ponto de custo médio mínimo. Para avaliar a competição monopolística, tais ineficiências devem ser confrontadas com os ganhos dos consumidores decorrentes da diversidade de produtos.
2 - OLIGOPÓLIO
Em mercados oligopolistas, os produtos podem ou não ser diferenciados. O importante é que apenas algumas empresas são responsáveis pela maior parte ou por toda a produção. Em alguns desses mercados, algumas ou todas as empresas obtêm lucros substanciais no longo prazo, já que barreiras à entrada tornam difícil ou impossível que novas empresas entrem no mercado. O oligopólio é um tipo de estrutura de mercado predominante.
Equilíbrio no mercado oligopolista
No mercado oligopolista uma firma determina o preço ou o volume com base, pelo menos em parte, em considerações estratégicas relativas ao comportamento dos concorrentes. Ao mesmo tempo, as decisões dos concorrentes dependerão das decisões tomadas pela própria empresa.
De que maneira, então, podemos descobrir o preço e a quantidade ideal para o oligopolista? Para responder a essa pergunta precisamos conhecer um conceito novo.
Equilíbrio de Nash
Conjunto de estratégias ou ações em que cada empresa faz o melhor que pode em função do que as concorrentes estão fazendo.
Modelo de Cournot
Modelo de oligopólio no qual as empresas produzem um bem homogêneo, cada uma considera fixo o nível de produção da concorrente e todas decidem simultaneamente a quantidade a ser produzida.
Para compreendê-lo, consideremos a decisão de produção da empresa 1. Suponhamos que a empresa 1 acredite que a empresa 2 nada produzirá. Nesse caso, a curva de demanda da empresa 1 será a curva de demanda do mercado. Na figura abaixo, ela é representada por D1(0), que mostra a curva de demanda da empresa 1, supondo que seja zero a produção da empresa 2.
A figura mostra também a curva de RMg correspondente, RMg1(0). Estamos presumindo que o custo marginal CMg1 da empresa 1 seja constante. Com podemos ver na ilustração, o nível de produção capaz de maximizar lucros para a empresa 1 é de 50 unidades, sendo este o ponto de interseção de RMg1(0) e CMg1. Portanto, se a empresa 2 estiver produzindo zero, a empresa 1 deverá produzir 50 unidades.
Por outro lado, suponhamos que a empresa 1 acredite que a empresa 2 produzirá 50 unidades. Sendo assim, a curva de demanda da empresa 1 será a curva de demanda do mercado com um desconto de 50 unidades para a esquerda. Na figura acima, isso é indicado por D1(50), de tal modo que a curva de RMg correspondente é indicada por RMg1(50). O nível de produção capaz de maximizar o lucro da empresa 1 passa agora a ser de 25 unidades, no ponto em que RMg1(50) = CMg.
Agora suponhamos que a empresa 1 estime que a empresa 2 produzirá 75 unidades, Então, a curva de demanda da empresa 1 é a curva de demanda do mercado com um deslocamento de 75 unidades para a esquerda. Ela é indicada por D1(75) na figura acima, e a curva de receita marginal correspondente é indicada por RMg1(75) = CMg1. Por fim, suponhamos que a empresa 1 estime que a empresa 2 produzirá 100 unidades. Nesse caso, as curvas de demanda e de receita marginal da empresa 1 (não apresentadas nessa figura) cruzariam com a curva de custo marginal sobre o eixo vertical; ou seja, se a empresa 1 estima que a empresa 2 produzirá 100 unidades ou mais, ela não deverá produzir nada.
A quantidade de produção da empresa 1 que maximiza os lucros é uma projeção decrescente de quanto ela acredita que a empresa 2 produzirá. Damos a essa projeção o nome de curva de reação da empresa 1 e a indicamos como Q*1(Q2). Essa curva encontra-se ilustrada na figura abaixo em que cada uma das quatro combinações de produção apresentadas é indicada por um x.
Equilíbrio de Cournot
Equilíbrio no modelo de Cournot no qual cada empresa estima quanto seu concorrente produzirá e define sua produção segundo essa estimativa. Nesse ponto de equilíbrio, cada empresa estima corretamente a quantidade que a concorrente produzirá, maximizando os lucros adequadamente.
A curva de demanda é P = 30 - Q, e ambas as empresas têm CMg igual a zero. No equilíbrio de Cournot, cada uma delas estará produzindo 10. A curva de coalização mostra as combinações Q1 e Q2 capazes de maximizar os lucros totais. Se as empresas fizerem uma coalização e repartirem os lucros igualmente entre si, cada uma produzirá 7,5. Também é mostrado o equilíbrio competitivo, no qual o preço é igual ao CMg e o lucro é igual a zero.
Vantagem de ser o primeiro - o modelo de Stackelberg
Modelo de oligopólio no qual uma empresa determina o nível de produção antes que outras empresas o façam. Portanto, ao determinar seu nível de produção, a empresa 1 deverá considerar de que forma a empresa 2 reagirá. Esse modelo de Stackelberg de duopólio difere do modelo de Cournot, no qual nenhuma das empresas tem oportunidades de reagir.
3 - CONCORRÊNCIA DE PREÇOS
Concorrência de preços com produtos homogêneos - modelo de Bertrand
Modelo de oligopólio no qual as empresas produzem um bem homogêneo, cada uma delas considera fixo o preço de suas concorrentes e todas decidem simultaneamente qual preço será cobrado.
4 - IMPLICAÇÕES DO DILEMA DOS PRISIONEIROS PARA A DETERMINAÇÃO DE PREÇOS OLIGOPOLISTAS
Dilema dos prisioneiros
Exemplo na teoria dos jogos no qual dois prisioneiros devem decidir separadamente se confessam o crime; se um deles confessar, receberá uma sentença mais leve e seu cúmplice uma mais pesada, mas, se nenhum deles confessar, as sentenças serão mais eves do que se ambos tivessem confessados.
Rigidez de Preços
Característica dos mercados oligopolista pela qual as empresas se mostram relutantes em modificar os preços mesmo que os custos ou a demanda sofram alterações.
Essa rigidez de preços é a base do modelo da ''curva de demanda quebrada'' para o oligopólio. De acordo com esse modelo, cada empresa estaria diante de uma curva de demanda quebrada no preço P* que prevalece atualmente (veja figura abaixo). Para preços acima de P*, a curva de demanda é bastante elástica. Isso ocorre porque a empresa crê que, se ela aumentar o preço além de P*, as outras não a acompanharão e, assim, ela poderá perder vendas e uma boa fatia do mercado. Por outro lado, a empresa acredita que, caso torne o preço menor do que P*, as demais a acompanharão porque não desejam ver reduzidas suas respectivas fatias de mercado. Nesse caso, as vendas aumentarão apenas à medida que o preço de mercado mais baixo elevar a demanda total de mercado.
Como a curva de demanda da empresa é quebrada, a curva de receita marginal não é contínua. (A parte inferior da curva de receita marginal corresponde à parte menos elástica da curva de demanda, conforme mostram os trechos de linha cheia de cada curva). Em consequência, os custos da empresa podem variar sem que ocorram correspondentes variações no preço. Como mostra a figura acima, o CMg pode apresentar uma elevação, mas ainda assim ele será igual à receita marginal para um mesmo nível de produção, de modo que o preço permanecerá inalterado.
Sinalização de preços e liderança de preços
A sinalização de preços é uma forma de acordo implícito na qual uma empresa anuncia um aumento de preço e espera que as outras sigam o exemplo.
A liderança de preço é o padrão de formação de preço no qual uma empresa anuncia regularmente mudanças de preços que outras empresas seguirão.
Modelo da empresa dominante
Empresa que possui uma parcela substancial das vendas totais e estabelece os preços para maximizar lucros, levando em conta a reação da oferta de empresas menores.
A figura abaixo mostra a maneira pela qual uma empresa dominante estabelece o preço. Aqui, D é a curva de demanda do mercado e SG é a curva de oferta (isto é, a curva de custo marginal agregado) para o grupo das empresas de menor porte. A empresa dominante precisa determinar sua curva de demanda, Dd. Como mostra a ilustração, essa curva deve ser exatamente a diferença entre a demanda do mercado e oferta do grupo das empresas de menor porte. Por exemplo, para preços P1, a oferta do grupo das empresas de menor porte é exatamente igual à demanda do mercado, portanto, a empresa dominante não pode vender nada a esse preço. ao preço P2 ou a preços menores, o grupo das firmas de menor porte não fará oferta alguma da mercadoria e, por conseguinte, a empresa dominante se defrontará com a curva de demanda do mercado. Para preços entre P1 e P2, a empresa dominante estará diante da curva de demanda Dd.
Correspondendo à curva de demanda há a curva de RMgd da empresa dominante. CMgD é a curva de custo marginal da empresa dominante. Para maximiza lucros, essa empresa produz a quantidade QD, que se encontra no ponto de interseção entre as curvas RMgD e CMgD. Com base na curva de demanda Dd podemos encontrar o preço P*. A esse preço., o grupo das empresas de menor porte venderá a quantidade Qg; desse modo, a quantidade total vendida serpa QT = Qd+Qg.
5 - CARTÉIS
Em um cartel, os produtores concordam explicitamente em agir em conjunto na determinação de preços e níveis de produção. Nem todos os produtores de um setor necessitam fazer parte do cartel e a maioria dos cartéis envolvem apenas um subconjunto de produtores. Mas, se uma quantidade grande o bastante de produtores optar por aderir aos termos do acordo do cartel e se a demanda do mercado for suficiente inelástica, o cartel poderá conseguir elevar os preços bem acima dos níveis competitivos.
Há duas condições para que um cartel tenha êxito. A primeira delas é que venha a se formar uma organização estável, cujos membros sejam capazes de fazer acordos relativos a preços e níveis de produção, cumprindo, depois, os termos do acordo feito. A segunda condição para o sucesso do cartel é o potencial para imposição do poder de monopólio. Mesmo que o cartel consiga resolver seus problemas organizacionais, haverá pouca possibilidade de elevação do preço caso ele esteja diante de uma curva de demanda altamente elástica.
Enviar um comentário
0 Comentários