Diferente do que ocorre com a análise de equilíbrio parcial (determinação dos preços e quantidades de equilíbrio em um mercado, independentemente dos efeitos causados por outros mercados), a análise de equilíbrio geral determina os preços e as quantidades em todos os mercados simultaneamente; além disso, ela explicitamente leva em conta os efeitos de feedback. Um efeito de feedback é um ajuste de preço ou de quantidade em determinado mercado causado pelos ajustes de preços ou de quantidades em mercados relacionados.
Quando os mercados são interdependentes, os preços de todos os produtos devem ser determinados simultaneamente. Aqui, um imposto sobre os ingressos de cinema desloca a curva de oferta de ingressos de cinema para cima, de Sc para S*c, como mostrado em (a). O preço mais alto dos ingressos de cinema (6,35 em vez de 6) inicialmente desloca a demanda de DVDs para cima (de Dv para D'v) provocando um aumento no preço dos DVDs (de 3 para 3,5), como mostrado em (b). O preço mais alto dos DVDs se reflete no mercado de ingressos de cinema, fazendo com que a demanda se desloque de Dc para D'c e o preço dos ingressos aumente de 6,35 para 6,75. Esses movimentos continuam até que um equilíbrio geral seja alcançado, como mostra a interseção de D*c com S*c em (a), com o preço do ingresso de cinema a 6,82, e a interseção de D*v e Sv em (b), com um preço para os DVDs de 3,58.
Um mercado competitivo é economicamente eficiente porque maximiza os excedentes agregados do consumidor e do produtor.
Vamos começar com uma economia de trocas, analisando o comportamento de dois consumidores que podem negociar livremente duas mercadorias entre si. Suponhamos que duas mercadorias estejam no início alocadas de tal forma que ambos os consumidores possam ter um aumento de bem-estar se fizerem trocas entre si. Isso significa que a distribuição inicial das mercadorias é economicamente ineficiente.
Observe que há uma implicação de equidade da eficiência de Pareto. Pode ser possível realocar as mercadorias de modo que aumente o bem-estar total dos dois indivíduos, mas deixando um indivíduo em pior situação. Se pudermos realocar mercadorias de modo que um indivíduo fique um pouco pior, mas o outro fique muito melhor, isso não seria uma coisa boa de se fazer, embora não sendo eficiente de Pareto?
Uma distribuição de mercadorias é eficiente apenas quando elas são alocadas de tal forma que a taxa marginal de substituição entre qualquer par de mercadorias seja a mesma para todos os consumidores.
Na caixa de Edgeworth, cada ponto mostra as cestas de mercado de ambos os consumidores. As unidades pertencentes a James são vistas do ponto de origem Oj e as de Karen são indicadas na direção inversa, do ponto de origem Ok. No ponto A, por exemplo, James tem 7 unidades de alimento (7A) e 1 unidade de vestuário (1V) e Karen tem 3 unidades de alimento e 5 unidades de vestuário (3A e 5V), respectivamente.
Podemos também ver o efeito da troca efetuada por Karen e James. James abre mão de 1A em troca de 1V, passando do ponto A para o ponto B. Karen abre mão de 1V em troca de 1A, deslocando-se também do ponto A para o ponto B. Portanto, o ponto B passa a representar as cestas de mercado de James e de Karen depois de ter sido efetuada uma troca mutuamente benéfica.
Alocações eficientes
A troca de A para B melhorou a situação de Karen e de James. Mas será que o ponto B representa uma alocação eficiente? A resposta depende de saber se as TMSs de James e de Karen são iguais no ponto B, o que, por sua vez, depende do formato das respectivas curvas de indiferença. A figura abaixo mostra diversas curvas de indiferença tanto para James como para Karen. As de James estão desenhadas da forma usual, pois as alocações são medidas do ponto de origem Oj. Mas para Karen efetuamos uma rotação de 180 graus nas curvas de indiferença, de tal forma que o ponto de origem Ok está situado no canto superior direito da caixa. As curvas de indiferença de Karen são convexas, exatamente como as de James; apenas são visualizadas sob uma perspectiva diferente.
Agora que estamos familiarizados com os dois conjuntos de curvas de indiferença, vamos examinar quais das curvas de James e de Karen, denominadas respectivamente Uj¹ e Uk¹, passam pelo ponto de alocação inicial A. As TMSs de James e de Karen fornecem as tangentes das curvas de indiferença passando pelo ponto A. A TMS de James é igual a 1/2 e a TMS de Karen é igual a 3. A região sombreada entre essas duas curvas representa todas as possíveis alocações de alimento e de vestuário que seriam capazes de tornar o bem-estar de Karen e de James maior do que no ponto A. Em outras palavras, representa todas as possíveis trocas mutuamente vantajosas.
A partir do ponto A, qualquer troca que deslocasse a alocação de mercadorias para fora da região sombreada pioraria a situação de um dos dois consumidores e, por isso, não deveria ocorrer. Vimos que a passagem do ponto A para o ponto B foi mutuamente vantajosa. Mas, na figura acima, B não é um ponto eficiente porque as curvas de indiferença Uj² e Uk² se cruzam, informando dessa maneira que as TMSs de Karen e de James não são as mesmas e a alocação de mercadorias não é eficiente. Começando em B, James preferiria abrir mão de alguma quantidade de alimento para obter mais vestuário. Ele está disposto a fazer alguma troca que não deixe ele em pior situação e que lhe proporcione alguma utilidade adicional, e existem muitas trocas que podem propiciar isso. Karen, por outro lado, está disposta a abrir mão de alguma quantidade de vestuário para obter mais alimento, e existem muitas trocas que possibilitariam a ela ficar em uma situação melhor. Essa situação ilustra um ponto importante: mesmo que a troca realizada a partir de uma alocação ineficiente seja vantajosa para ambas as pessoas, a nova alocação de mercadorias não será necessariamente eficiente.
Suponhamos que, partindo do ponto B, seja feita uma nova troca, na qual James abriria mão de mais uma quantidade de alimento para obter uma unidade adicional de vestuário e Karen abriria mão de uma unidade de vestuário em troca de uma unidade de alimento. O ponto C da figura acima apresenta essa nova alocação; nele, as TMSs de ambas as pessoas são iguais, pois as curvas de indiferença são tangentes nesse ponto. Negociar alimentação por vestuário e, dessa forma, mover do ponto B para o ponto C, permitiu que James e Karen conseguissem um resultado eficiente de Pareto, e ambos estarão melhores assim. Quando as curvas de indiferença são tangentes, as TMSs são as mesmas, de tal modo que uma pessoa não conseguiria elevar o próprio bem-estar sem reduzir o bem-estar da outra; em consequência, o ponto C representa uma alocação eficiente.
Claro, o ponto C não é o único resultado eficiente possível na negociação entre James e Karen. Por exemplo, se James for um negociador eficiente, conseguirá modificar a alocação de bens, passando do ponto A para o ponto D, onde a curva de indiferença Uj³ é tangente a curva de indiferença Uk¹. Isso não faria Karen passar a ter um nível de bem estar inferior ao que tinha no ponto A, mas aumentaria muito o de James. Pelo fato de não haver possibilidade de continuar o processo de trocas, D é um ponto de alocação eficiente. Mas, embora James prefira o ponto D ao ponto C e Karen prefira o ponto C ao ponto D, ambos representam alocações eficientes. Em geral, é difícil prever a alocação final que será alcançada durante uma negociação, pois o resultado dependerá da habilidade de negociação das pessoas envolvidas.
A curva de contrato
Vimos que, de uma alocação inicial, podem ser alcançadas muitas alocações eficientes por meio de uma negociação, mutuamente vantajosa. Para descobrir todas as possíveis alocações eficientes de alimento e vestuário entre Karen e James, teríamos de procurar todas os pontos de tangência entre cada uma das respectivas curvas de indiferença. A figura abaixo mostra a curva que passa por todos os pontos de alocações eficientes, denominada curva de contrato.
A curva de contrato apresenta todas as alocações a partir das quais não há mais troca que seja mutuamente vantajosa. Essas alocações são eficientes porque os bens não podem ser realocados para tornar maior o bem estar de uma pessoa sem que haja diminuição no bem estar de outra. Na figura abaixo, as três trocas indicadas pelos pontos E, F e G são alocações eficientes de Pareto, embora cada uma envolva uma diferente distribuição dos dois bens, pois uma pessoa não pode aumentar seu bem-estar sem que esteja diminuindo o da outra.
Diversas propriedades da curva de contrato podem nos ajudar a compreender o conceito da eficiência de troca. Uma vez que tenham sido escolhidos um ponto dessa curva, como o ponto E, não há nenhuma forma de se passar para outro ponto da curva de contrato, por exemplo, o ponto F, sem diminuir o bem estar de uma das pessoas (Karen, nesse caso). Ela está em situação pior porque tem menos alimentos e menos vestuário em F do que tinham em E. Sem fazer mais comparações entre as preferências de James e de Karen, não é possível dizer mais nada sobre as alocações representadas pelos pontos E e F. Apenas sabermos que ambos os pontos são eficientes. Nesse sentido, a obtenção de Pareto é um objetivo modesto; ela nos informa todas as trocas mutuamente vantajosas, porém não indica quais são as melhores. A eficiência de Pareto, entretanto, pode ser um conceito poderoso: se uma mudança vai aumentar a eficiência, é do interesse de todos apoiá-la.
Com frequência, conseguimos elevar a eficiência mesmo quando algum efeito de uma mudança proposta diminui o bem-estar de alguém. É preciso apenas que consideremos uma segunda modificação, de tal forma que o conjunto combinado das alterações seja capaz de aumentar o bem-estar de todos, sem piorar o de ninguém.
Equilíbrio do consumidor em um mercado competitivo
Em uma troca entre duas pessoas, o resultado poderá depender da capacidade de negociação das duas partes. Entretanto, os mercados competitivos têm muitos compradores e vendedores efetivos ou potenciais. Em consequência, cada comprador e cada vendedor considera os preços dos bens como fixos e decidem quanto adquirirão ou venderão por esses preços. Podemos mostrar por meio da caixa de Edgeworth de que forma os mercados competitivos levam a trocas eficientes. Suponhamos, por exemplo, que haja muios James e muitas Karens. Isso permite que imaginemos cada um deles como um tomador de preços, embora estejamos trabalhando como um diagrama de caixa apenas com duas pessoas.
A figura abaixo mostra as oportunidades de troca vindas da alocação determinada pelo ponto A, quando os preços tanto para alimentos quanto para o vestuário são iguais a 1. No momento em que os preços do alimento e do vestuário se tornam iguais, cada unidade do primeiro pode ser trocada por uma unidade do segundo. Em consequência, a linha PP' do diagrama, que possui uma inclinação de -1, descreve todas as possíveis alocações para a troca.
Suponhamos que James decida comprar 2 unidades de vestuário e vender 2 de alimento em troca. Tal fato, representado por um movimento de cada James de A para C, aumenta o grau de satisfação desses consumidores, que passam da curva de indiferença Uj¹ para a curva Uj². Enquanto isso, cada Karen estará adquirindo 2 unidades de alimento em troca de 2 de vestuário, de tal modo que cada uma delas também muda do ponto A para o ponto C, aumentando a satisfação, passando da curva de indiferença Uk¹ para a curva Uk².
Determinamos preços para as duas mercadorias de modo que a quantidade de alimento demandada por cada Karen seja igual à quantidade do mesmo bem que cada James está disposto a vender, e a quantidade de vestuário demandada por cada James seja igual à quantidade do mesmo bem que cada Karen está disposta a vender. Como resultado, os mercados para alimento e vestuário estão em equilíbrio. Um equilíbrio é um conjunto de preços nos quais a quantidade demandada iguala a quantidade ofertada em cada um dos mercados. Nesse caso, temos também um equilíbrio competitivo, pois todos os vendedores e compradores são tomadores de preço.
A eficiência econômica em mercado competitivo
Podemos observar por meio do ponto C na figura acima que a alocação de mercadorias em um equilíbrio competitivo é Pareto eficiente. A principal razão é que o ponto C deve estar no ponto de tangência de duas curvas de indiferença. Se isso não ocorrer, um dos James ou uma das Karens não obterá satisfação máxima e desejará continuar a troca para alcançar um nível mais alto de utilidade.
Esse resultado é válido tanto em uma estrutura de trocas como em um contexto de equilíbrio geral no qual todos os mercados são perfeitamente competitivos.
O resultado de que o equilíbrio competitivo corresponde à eficiência de Pareto é descrito com frequência como o primeiro teorema da economia do bem-estar, a qual envolve uma avaliação normativa dos mercados e da política econômica. Formalmente, o primeiro teorema afirma o seguinte:
"Se todos fizerem transações em um mercado competitivo, todas as transações mutuamente vantajosas serão realizadas e o resultante equilíbrio na alocação dos recursos será Pareto eficiente."
Vamos resumir o que sabemos a respeito do equilíbrio competitivo do ponto de vista do consumidor:
1 - Como as curvas de indiferença são tangentes, todas as taxas marginais de substituição entre os consumidores são iguais.
2 - Como cada curva de indiferença é tangente à linha de preço, a TMS de vestuário ou de alimento para cada pessoa é igual à razão entre os preços das duas mercadorias. Para sermos mais claros, vamos utilizar a notação TMSav para representar a TMS de alimento por vestuário. Assim sendo, se Pv e Pa representarem os dois preço, teremos:
Não é fácil obter uma alocação eficiente de Pareto de mercadorias quando há muitos consumidores (e muitos produtos). Ela pode ser alcançada se todos os mercados são perfeitamente competitivos. Contudo, resultados eficientes também podem ser obtidos por outros meios - por exemplo, mediante um sistema centralizado no qual o governo aloca todos os bens e serviços. Em geral, prefere-se a solução competitiva porque ela aloca os recursos com um mínimo de informações.
3 - EQUIDADE E EFICIÊNCIA
Mostramos que diferentes alocações eficientes de mercadorias podem ser alcançadas e, também, como uma economia totalmente competitiva consegue gerá-las. Mas algumas alocações tendem a ser mais equilibradas do que outras. Como determinamos que é a alocação mais equitativa?
Fronteira de possibilidades da utilidade
Lembre-se de que cada ponto da curva de contrato na economia de trocas entre duas pessoas mostra os níveis de utilidade que James e Karen podem obter. A figura abaixo apresenta as informações da caixa de Edgewprth de uma forma diferente. a utilidade de James será medida no eixo horizontal e a de Karen no eixo vertical. Qualquer ponto da caixa de Edgeworth corresponde a um ponto da figura que apresentamos acima (na parte Equilíbrio do consumidor em um mercado competitivo), pois cada alocação gera utilidade para ambas as pessoas. Cada movimento para a direta na figura abaixo representa um aumento na utilidade de James e cada movimento para cima representa um aumento na utilidade de Karen.
A fronteira de possibilidade da utilidade representa todas as alocações que são eficientes de Pareto. Ela demonstra os níveis de satisfação que são alcançados quando dois indivíduos atingem a curva de contrato.
O ponto Oj é um extremo no qual James não possui mercadoria alguma, tendo, portanto, utilidade zero, ao passo que o ponto Ok é o extremo oposto, no qual Karen não possui nenhuma mercadoria. Como todos os demais pontos da fronteira, como E, F e G, correspondem a pontos na curva de contrato, uma pessoa não pode aumentar o nível de satisfação sem que haja uma diminuição no nível de satisfação da outra. Entretanto, o ponto H representa uma alocação ineficiente, pois qualquer troca de mercadorias que ocorra dentro da região sombreada torna maior a satisfação de uma ou de ambas as pessoas. No ponto L, os dois participantes estariam mais satisfeitos, mas esse ponto não é atingível, pois não há quantidade suficiente das duas mercadorias para que possam ser gerados os níveis de utilidade que o ponto representa.
Uma alocação ineficiente de Pareto dos recursos pode ser mais equitativa do que uma alocação eficiente. O ponto G em relação ao ponto H tem mais utilidade para James e menos para Karen, apesar do ponto H não ser eficiente.
Funções de bem-estar social
Função social que descreve o bem-estar da sociedade como um todo em termos das utilidades dos membros individuais.
4 - EFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO
Tendo descrito as condições necessárias para alcançar uma alocação eficiente nas trocas entre duas mercadorias, consideraremos agora o uso eficiente dos insumos no processo produtivo. supomos que haja quantidades ofertadas totais fixas dos insumos trabalho e capital, necessários para produzir alimento e vestuário. Entretanto, em lugar de duas pessoas, vamos agora supor que muitos consumidores possuam os insumos de produção (inclusive o trabalho) e recebam rendimentos ao vendê-los. A renda resultante, por sua vez, é alocada entre as duas mercadorias.
Essa estrutura interliga os vários elementos da oferta e da demanda da economia. As pessoas fornecem os insumos necessários à produção e então utilizam a renda assim obtida para gerar demanda e consumir bens e serviços. Quando o preço de determinado insumo aumenta, as pessoas que fornecem grandes quantidades daquele insumo ampliam os rendimentos e consomem mais das duas mercadorias. Em consequência, isso aumenta a demanda de insumos necessários à produção de cada bem, ocasionando um efeito de retroalimentação no preço desses insumos. Apenas uma análise de equilíbrio geral poderia encontrar os preços que igualem a oferta e a demanda em cada um dos mercados.
Eficiência nos insumos
Para entendermos de que forma os insumos podem ser combinados de modo eficiente, devemos descobrir as diversas combinações de insumos que podem ser utilizados para produzir cada um dos dois produtos. Uma determinada alocação de insumos para o processo produtivo é considerada tecnicamente eficiente se a produção de uma mercadoria não puder ser aumentada sem que ocorra uma diminuição na quantidade produzida da outra mercadoria.
Se os mercados de insumos são competitivos, um ponto de produção eficiente será alcançado. Veremos a razão disso. Se os mercados de capital e de trabalho são perfeitamente competitivo, então a remuneração do trabalho w será a mesma em todos os setores. De igual modo, a taxa de locação do capital r será também a mesma, independente de o capital ser utilizado na produção de alimento ou de vestuário. Os produtores desses dois bens minimizam os custos de produção, utilizam combinações de trabalho e capital de tal modo que a relação entre os produtos marginais dos dois insumos é igual à razão entre os preços:
PMgL / PMgK = w/r
Mas mostramos também que a relação entre os produtos marginais dos dois insumos é igual à taxa marginal de substituição técnica do trabalho pelo capital, TMSTlk. Em consequência,
TMSTlk = w/r
Como a TMST é a inclinação da isoquanta da empresa, ocorrerá um equilíbrio competitivo no mercado de insumos somente quando cada produtor utilizar trabalho e capital de tal forma que as inclinações das isoquantas sejam iguais entre si e iguais à razão entre os preços dos dois insumos. Em consequência, o equilíbrio competitivo é eficiente na produção.
A fronteira de possibilidades de produção
A fronteira de possibilidade de produção mostra as diversas combinações de alimento e vestuário que podem ser produzidas com uma quantidade fixa de insumos trabalho e capital, mantendo-se a tecnologia constante. A fronteira apresentada na figura abaixo foi obtida da curva de contrato da produção. Cada ponto, tanto da curva de contrato como da fronteira de possibilidades de produção, apresenta quantidades eficientemente produzidas de alimento e de vestuário.
O ponto OA representa um extremo no qual apenas se produz vestuário e OV representa outro extremo no qual apenas se produz alimento. Os pontos B, C e D correspondem aos pontos nos quais tanto a produção de alimento quanto de vestuário são realizadas de forma eficiente.
O ponto A, que representa uma alocação ineficiente, situa-se dentro da fronteira de possibilidades de produção. Todos os pontos contidos no triângulo ABC envolvem a completa utilização de capital e trabalho no processo produtivo. No entanto, uma distorção no mercado de trabalho, decorrente, talvez, de um sindicato voltado à maximização da renda, fez com que a economia como um todo seja produtivamente ineficiente.
O ponto onde paramos na fronteira de possibilidade de produção depende da demanda do consumidor pelos dois produtos. Por exemplo, imagine que os consumidores tendam a preferir alimentos a vestuários. Um possível equilíbrio competitivo ocorre em D, como se vê na figura. Por outro lado, se os consumidores preferirem vestuários a alimentos, o equilíbrio competitivo ocorrerá em um ponto na fronteira de possibilidades de produção próximo a OA.
Por que a fronteira de possibilidades de produção possui uma inclinação descendente? Para produzir mais alimento eficientemente é necessário retirar alguns insumos da produção de vestuário, o que diminui seu nível de produção. Como todos os pontos situados dentro da fronteira são ineficientes, eles não se encontram na curva de contrato de produção.
Taxa Marginal de Transformação
A fronteira de possibilidade de produção é côncava (curvada para dentro) - isto é, a inclinação aumenta em magnitude à medida que se produz mais alimento. Para descrevermos esse fato, definimos a taxa marginal de transformação (TMT) de alimento por vestuário como a magnitude da inclinação da fronteira em cada um dos pontos. A TMT mede a quantidade de vestuário de que se deve abrir mão para produzir uma unidade adicional de alimento.
A inclinação da fronteira de possibilidades de produção mede o custo marginal da produção de determinada mercadoria em relação ao custo marginal da produção da outra mercadoria. A curvatura da fronteira de possibilidades de produção está diretamente ligada ao fato de que o CMg da produção de alimento em relação ao CMg de produção de vestuário está crescendo. Em particular, a seguinte relação permanece válida ao longo de toda a fronteira de possibilidades de produção:
TMT = CMgA / CMgV
No ponto B, por exemplo, a TMT é igual a 1.
Eficiência na produção
Para que uma economia seja eficiente, não basta que se produzam mercadorias ao custo mínimo; deve-se também produzir combinações de mercadorias pelas quais as pessoas estejam dispostas a pagar. Para compreender esse princípio, lembre-se de que a taxa marginal de substituição (TMS) de vestuário por alimento mede a disposição que o consumidor tem de adquirir menos vestuários para adquirir uma unidade adicional de alimento. A taxa marginal de transformação, por sua vez, mede o custo de uma unidade adicional de alimento em termos da menor produção de vestuário. Uma economia estará produzindo eficientemente apenas se, para cada consumidor,
TMS = TMT
Para entendermos por que essa condição é necessária para a eficiência, vamos supor que a TMT seja igual a 1, mas que a TMS seja igual a 2. Nesse caso, os consumidores estariam dispostos a abrir mão de 2 unidades de vestuário para obter 1 unidade de alimento. Contudo, o custo adicional de produção de 1 unidade de alimento é de apenas 1 unidade de vestuário não produzida. De modo claro, vemos que pouco alimento está sendo produzido. Para que se possa alcançar a eficiência, a produção de alimento deve ser aumentada até que a TMS diminua, a TMT aumente e, por fim, as duas se tornem iguais. O resultado é eficiente apenas quando TMS = TMT para todos os pares de mercadorias.
A figura abaixo mostra graficamente essa importante condição de eficiência. Observe que C é o único ponto da fronteira de possibilidades de produção que maximiza a satisfação do consumidor. Embora todos os pontos dessa fronteira sejam tecnicamente eficientes, da perspectiva do consumidor nem todos envolvem a produção mais eficiente de mercadorias. No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a fronteira de possibilidade de produção, a TMS (ou seja, a inclinação da curva de indiferença) e a TMT (a inclinação da fronteira de possibilidades de produção) são iguais entre si.
Eficiência nos mercados produtivos
Quando os mercados produtivos são perfeitamente competitivos, todos os consumidores alocam os seus orçamentos de forma que as taxas marginais de substituição entre duas mercadorias sejam iguais à relação entre seus preços. No caso de nossas duas mercadorias, alimento e vestuário, temos
TMS = Pa/Pv
Ao mesmo tempo, cada empresa que maximiza os lucros produzirá até o ponto em que o preço for igual ao custo marginal. Assim, mais uma vez no caso de nossas duas mercadorias, temos
Pa = CMga e Pv = CMgv
Como a taxa marginal de transformação é igual à razão entre os custos marginais de produção, segue-se que
TMT = CMga/CMgv = Pa/Pv = TMS
Quando tanto o mercado de produção como o de insumo são competitivos, à produção será eficiente, pois a TMT é igual à TMS.
A figura abaixo mostra que mercados de produção competitivos e eficientes são obtidos quando as escolhas de produção e consumo são feitas em separado. Suponhamos que o mercado gere uma relação de preços P¹a/P¹v. Se os produtores estiverem utilizando os insumos eficientemente, produzirão alimento e vestuário no ponto A, em que a relação entre os preços é igual a TMT, ou seja, é igual à inclinação da fronteira de possibilidades da produção. Quando se deparam com sua restrição orçamentária, contudo, os consumidores desejarão o consumo indicado pelo ponto B, onde eles maximizam suas satisfação na curva de indiferença U2. Todavia, dada a relação de preços P¹a/P¹v, os produtores não produzirão a combinação de alimento e vestuário do ponto B. Como o produtor está disposto a produzir A1 unidades de alimento e os consumidores a adquirir A2 unidades, haverá um excesso de demanda desse bem. De modo semelhante, como os consumidores estão dispostos a adquirir V2 unidades de vestuário e os produtos a vender V1 unidades, haverá um excesso de oferta do outro bem. Ocorrerá então um ajuste de preços no mercado - o preço do alimento subirá e do vestuário cairá. À medida que a relação de preços Pa/Pv aumentar, a linha de preço se moverá ao longo da fronteira de possibilidades de produção.
Um equilíbrio será alcançado quando a relação de preços for P*A/P*V, no ponto C. No equilíbrio, não há como melhorar o bem-estar do consumidor sem piorar a situação de outro consumidor. Portanto, esse equilíbrio é eficiente de Pareto. Nesse ponto, os produtores estarão dispostos a vender A* unidades de alimento e V* unidades de vestuário, e os consumidores, a adquirir essas mesmas quantidades. Nesse ponto de equilíbrio, a TMT e a TMS mais uma vez são iguais entre si; assim, o equilíbrio competitivo apresenta-se eficiente.
6 - A EFICIÊNCIA NOS MERCADOS COMPETITIVOS - UMA VISÃO GERAL
■ Eficiências nas trocas: todas as alocações devem estar situadas na curva de contrato, de tal forma que a TMS de alimento por vestuário de todos os consumidores seja a mesma:
Um mercado competitivo alcança esse resultado eficiente porque, para os consumidores, a tangência entre a linha de orçamento e a curva de indiferença mais alta possível assegura que
■ Eficiência na utilização de insumos na produção: a TMS técnica de trabalho por capital de todos os produtores é igual na produção de ambas as mercadorias:
Um mercado competitivo alcança esse resultado eficientemente porque cada produtor maximiza lucros, determinando as quantidades dos insumos trabalho e capital até o ponto em que a relação entre os preços dos insumos seja igual à taxa marginal de substituição técnica no processo produtivo:
■ Eficiência no mercado de produção: a composição dos insumos deve ser escolhida de tal forma que a TMT entre os produtos seja igual à TMS dos consumidores:
Um mercado competitivo alcança esse resultado eficiente porque os produtores que maximizam os lucros aumentam os níveis de produção até o ponto em que o CMg é igual ao preço:
Em consequência,
No entanto, os consumidores maximizam sua satisfação nos mercados competitivos apenas quando:
Portanto:
e, assim, as condições de eficiência no mercado de produção são satisfeitas. Portanto, eficiência requer que os bens sejam produzidos segundo combinações e custos que correspondam ao que as pessoas estão dispostas a pagar por eles.
6 - POR QUE OS MERCADOS FALHAM
Os mercados competitivos apresentam falhas devido a quatro razões básicas: poder de mercado, informações incompletas, externalidades e bens públicos.
Poder de mercado
Já vimos que a ineficiência quando um fabricante ou um fornecedor de algum fator de produção possui poder de mercado. Suponhamos, por exemplo, que o fabricante de produtos alimentícios do diagrama da caixa de Edgeworth tenha poder de monopólio. Portanto, ele determina a quantidade produzida igualando a RMg (em vez do preço) ao CMg e vende uma quantidade menor por um preço mais elevado do que aquele que seria praticado em um mercado competitivo. Esse nível mais baixo de produto representa um CMg mais baixo na produção de alimentos. Enquanto isso, os insumos não utilizados serão alocados na produção de vestuário, cujo CMg aumenta. Em consequência, a TMT diminui, porque TMTav = CMga/CMgv. A produção de uma quantidade muito pequena de alimento e de quantidades excessivas de vestuário significa uma ineficiência produtiva que surge porque as empresas com poder de mercado utilizam em suas decisões de produção preços diferentes dos utilizados pelos consumidores em suas decisões de consumo.
Informações incompletas
Se os consumidores não tiverem informações exatas a respeito dos preços de mercado ou da qualidade do produto, o sistema de mercado não pode operar de modo eficiente. A falta de informações pode estimular os produtores a ofertar quantidades excessivas de determinados produtos e quantidades insuficientes de outros. Em outros casos, enquanto alguns consumidores podem não adquirir um produto, mesmo que se beneficiassem da compra, outros vão adquirir produtos que lhes causam prejuízos.
Externalidades
O sistema de preços funciona de modo eficiente porque os preços de mercado transmitem informações tanto a produtores como a consumidores. Entretanto, às vezes os preços de mercado não refletem o que de fato acontece entre produtores ou entre consumidores. Uma externalidade ocorre quando alguma atividade de produção ou de consumo tem um efeito indireto sobre outras atividades de consumo ou de produção, que não se reflete diretamente nos preços de mercado.
Bens públicos
Um bem público é uma mercadoria que pode ser disponibilizada a baixo custo para muitos consumidores, mas, assim que ela é ofertada para alguns, torna-se muito difícil evitar que outros também a consumam.
"Bem não exclusivo e de consumo não rival que pode ser disponibilizado a baixo custo para muitos consumidores, mas que, um vez disponibilizado, é difícil impedir seu consumo por outros."
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2 Comentários
Sensacional esse material! Parabéns pelo blog!
ResponderEliminarBastante útil, explica com desenvoltura sem criar dificuldades.
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