CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Comunicação Social/2009

O processo inflacionário no Brasil, em particular as suas causas, foi objeto de intenso debate entre os cientistas sociais do país, formando-se "escolas", isto é, grupos com análises e opiniões similares. Assim, uma causa primária da inflação, segundo os 

a) monetaristas, são as espirais inflacionárias de aumentos de preços e de custos. 

b) monetaristas, são os gargalos provocados pelas restrições de balanço de pagamentos. 

c) marxistas, é a deficiência de oferta agregada decorrente do excesso de regulação. 

d) estruturalistas, é a luta entre os grupos sociais pela redistribuição da renda real. 

e) estruturalistas, é o deficit do setor público financiado com emissão monetária.

Resolução:

Durante a década de 1980, surgiu no Brasil duas correntes econômicas que buscavam novas explicações para o processo inflacionário brasileiro fora do argumento tradicional monetarista. Essas duas linhas de pensamentos baseavam-se nas ideias pós-keynesianas e ficaram denominados como os “inercialistas da Puc-Rio” e os “pós-keynesianos da Unicamp”.

Os inercialistas se apoiavam no estruturalismo que faz distinções entre os fatores estruturais e os mecanismos de propagação da inflação. Segundo essa corrente, o processo inflacionário pode ser separado em dois componentes: “choque” e “tendência”, destacando-se o segundo elemento. A ideia básica é que, a partir de determinação momento, a inflação adquire certa autonomia, isto é, assume um comportamento inercial em que a inflação do período passado determina a inflação atual que determinaria a inflação futura e assim por diante. Essa inercia resulta dos mecanismos de indexação - correção monetária de preços, salários, cambio e ativos financeiros - que tendem a propagar a inflação passada para o futuro. Na ausência de choques, a inflação permaneceria no patamar vigente, ou seja, ter-se-ia a aderência do conceito a uma taxa de inflação estável. Por sua vez, os choques que afetariam a estabilidade inflacionaria decorreriam da tentativa de modificação da distribuição de renda por parte de determinados segmentos da sociedade mediante mudanças de alguns preços relativos. Logo, a inercia viria ou pelo comportamento defensivo dos agentes que tentar defender periodicamente seus picos de renda ou pelo fato de os agentes tentarem defender sua renda real média, usando como previsor da inflação futura a inflação passada. Quando a inflação se acelera, os agentes tentam aumentar o pico de renda ou reduzir o intervalo de reajuste com o qual se perpetua a inflação.

Já a visão pós-keynesiana da Unicamp foca no processo de formação de preços keynesiano. Eles distinguem os bens em duas categorias: flex-price (concorrencial e de matérias-primas) e fix-price (oligopolizado e industrial). No setor flex-price, o preço é o resultado da interação da oferta e da demanda, sendo o produtor tomador de preços; no setor fix-price, o produtor é formador de preços mediante uma regra de mark-up sobre os custos e a oferta e a demanda determinam a quantidade via movimento dos estoques. Segundo essa corrente, o processo inflacionário surge devido aos interesses de cada setor em setor defender sua lucratividade, aumentando o mark-up que lhe é dado. Isto é, a inflação neste caso advém dos custos de produção.

Diante das considerações iniciais, tem-se que a única assertiva correta é D. As demais estão incorretas.

Gabarito: Letra D

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