ESAF - Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Energia/Área 1/2006

Com relação à teoria da firma, é correto afirmar que:

a) se houver deseconomias de escala, a curva de custo médio de curto prazo tangencia a curva de custo marginal de curto prazo. 

b) se a tecnologia de produção da firma apresenta rendimentos constantes de escala e se a curva de custo médio de longo prazo for horizontal, a curva de custo marginal de longo prazo e a curva de custo médio de longo prazo são as mesmas. 

c) se o custo médio de longo prazo é maior que o custo marginal de longo prazo, a inclinação da curva de custo médio de longo prazo é positiva. 

d) a curva de custo médio de longo prazo tangencia as curvas de custo médio de curto prazo nos pontos de mínimo das curvas de custo médio de curto prazo. 

e) se houver economias de escala, a curva de custo marginal de longo prazo é negativamente inclinada.

Resolução:

O termo economia ou deseconomia de escala refere-se ao que que acontece com a função de produção quando os insumos variam proporcionalmente. Por exemplo, suponha que os insumos envolvidos na produção de um determinado bem sejam duplicados. Se a produção dobrar de tamanho, diz-se que não há nem economia e nem deseconomia de escala. Se a produção aumentar mais do que o dobro, diz-se que existe economia de escala; e se a produção aumentar menor do que o dobro, há deseconomia de escala. Economias de escala são frequentemente medidas em termos de elasticidade de custo do produto, isto é, o percentual de mudança no custo de produção devido ao aumento de um 1% no nível de produto. Outra forma convencional de medir economias de escala é através da razão custo marginal sobre o custo médio. Então: 

 

ϵc=(dCdQ)(QC)=CMgCMe

 

Se ϵc for igual a 1, então o custo marginal iguala o custo médio de produção e não há nem economias nem deseconomias de escala. Se ϵc for menor do que 1 há economias de escala porque os custos não chegam a aumentar proporcionalmente à produção – o custo marginal é inferior ao custo médio de produção. Por fim, se ϵc for maior do que 1, há deseconomias de escala, dado que o custo aumenta proporcionalmente mais que a produção – o custo marginal supera o custo médio de produção.

 

No curto prazo, a firma pode apresentar economias ou deseconomias de escala devido à restrição de utilização dos insumos de produção, contudo no longo prazo a firma não apresenta nenhum tipo de economia de escala. Lembrando que a firma é maximizadora de lucros e sempre atinge o nível ótimo de produção, isto é, quando o custo marginal se iguala ao custo médio de produção. Então, se a firma apresenta economias de escala, então ela ainda não atingiu o nível ótimo de longo prazo de modo que é possível expandir a produção de modo com que o custo médio se reduza ainda mais. 

 

A assertiva A é falsa. As curvas de custo médio e custo marginal não se tangenciam sob a hipótese de concorrência perfeita envolvendo economias/ deseconomias de escala.

 

A assertiva B é verdadeira. Se a firma apresenta rendimentos constantes de escala isto significa que ao dobrar o volume de insumos de produção, o produto obtido será o dobro e assim por diante. Se a curva de custo médio para esta tecnologia for horizontal – uma constante – consequentemente a curva de custo marginal também será horizontal. Mais do que isso: serão exatamente as mesmas curvas. Por exemplo, se a tecnologia da firma pode ser descrita por sua função custo e esta é dada por: CT=4x em que x representa o vetor dos insumos de produção. Note que a função apresenta retornos constantes de escala, uma vez que o expoente de x é 1. Logo, temos: CMe=CMg=4.

 

A assertiva C é falsa. Vide comentários preliminares. Lembrando que a curva de custo médio possui um formato de U tanto no curto como no longo prazo. 

 

A assertiva D é falsa. Vide comentário A.

 

A assertiva E é falsa. A curva de custo marginal de longo prazo é positivamente inclinada, assim como a curva de curto prazo.

Gabarito: Letra B