Dutra, candidato do PSD, derrotou
o udenista Eduardo Gomes, também militar, e foi eleito presidente em 1945.
A política econômica no governo
Dutra tem dois pontos importantes:
- A mudança na política de comercio exterior, com
o fim do mercado livre de câmbio e a adoção do sistema de contingenciamento ás
importações;
- O afastamento do ministro da fazenda Correa e
Castro em 1949, indicando uma política econômica contracionista e tipicamente
ortodoxa para outra, com maior flexibilidade nas metas fiscais e monetárias;
Dutra acreditava que pelo fato do
Brasil ter ajudado os EUA (o que o tornaria credor do mesmo), e encantado pelas
ideias liberais de Bretton Woods, uma política liberal de cambio iria atrair
investimentos estrangeiros. Havia, ainda, a esperança de uma alta expressiva
dos preços internacionais do café.
Acreditando que o setor externo
iria ser mil maravilhas, o governo Dutra se concentrou em combater aquilo que
julgou ser mais grave: a inflação.
O diagnostico da inflação foi o
déficit orçamentário da União, que vinham sendo acumulados nos últimos anos, e
como forma de tratamento tratou de fazer políticas fiscais e monetárias
contracionista.
Política Econômica Externa
Antes de tudo vamos ter em mente
a ‘’ilusão de divisas’’ que reinava no país naquela época.
A taxa de câmbio foi mantida no
mesmo patamar (Cr$ 18-19) por dólar, havendo um relaxamento dos controles
cambiais em princípios de 1946, com a abolição das restrições a pagamentos
existentes desde o início dos anos 30.
Eram vários os objetivos desta
política:
- Atender à demanda contida de matérias-primas e
de bens de capital para reequipamento da indústria, desgastada durante a
guerra;
- Força a baixa dos preços industriais, mediante o
aumento da oferta de produtos estrangeiros, importados com uma cotação cambial
sobrevalorizada;
- Estimular o ingresso de capitais, com a
liberalização de sua saída, na expectativa de que funcionasse como fator de
atração de recursos.
A primeira ilusão que se mostrou
foi a das reservas internacionais. O Brasil acumulava superávits comerciais com
a área de moeda inconversível e déficits crescentes com os EUA e outros países
de moeda forte.
Quanto à esperança em relação aos
fluxos de capitais que os EUA iriam enviar, esta foi esvaída logo no imediato
pós-guerra. Os EUA voltaram sua atenção a reconstrução da Europa. Final da historia: restou ao Brasil recorrer
aos influxos de capitais privados para financiar o seu desenvolvimento.
A lógica, neste contexto, era
desvalorizar a moeda para conseguir ficar superavitário do BP. Mas Dutra não o
fez. Entre os diversos motivos, as autoridades tinham medo que a taxa de cambio
desvalorizada piorasse o problema da inflação.
Em vez de desvalorizar a moeda,
em julho de 1947, o governo instituiu controles cambiais e de importações. O
Banco do Brasil (‘’bom para todos’’) disponibilizaria divisas de acordo com uma
escala de prioridades que favoreceria a importação de produtos considerados
essenciais. O controle instituído não foi rigoroso, e as restrições ao comercio
exterior foram apresentadas como passageiras, destinadas a serem abandonadas
assim que os mercados mundiais se recuperassem.
Apenas em fevereiro de 1948 foi
adotada a primeira forma do sistema de contingenciamento a importações, baseado
na concessão de licenças prévias para importar, de acordo com as prioridades do
governo.
Substituição de Importações e Crescimento Industrial
Embora o sistema de controle de
importações tenha sido instituído em meados de 1947, com o intuito de fazer
frente ao desequilíbrio externo, terminou por ter grande importância para o
crescimento da indústria no pós-guerra.
Mantinha-se a taxa de câmbio
sobrevalorizada e, progressivamente, impunham-se medidas discriminatórias à
importação de bens de consumo não essenciais e daqueles com similar nacional.
Pode-se apontar a existência de
três efeitos relacionados à combinação de uma taxa de câmbio sobrevalorizada
com controle de importação: um efeito subsídio, associado a preços relativos
artificialmente mais baratos para bens de capital, matérias-primas e
combustíveis importados; um efeito protecionista, viabilizado pelas restrições
a importação de bens competitivos; e um terceiro efeito que consiste na
alteração da estrutura das rentabilidades relativas, as empresas começaram a
produzir para vender ao mercado domestico e não para exportação.
O avanço no processo industrial
nos primeiros anos do pós-guerra foi um efeito indireto dos controles cambiais
e de importação adotados como resposta ao problema do balanço de pagamentos.
Basicamente empurrado pelo setor privado.
Durante o governo Dutra, a única
iniciativa de intervenção planejada do Estado para o desenvolvimento econômico
terminou sendo o Plano Salte, tentativa de coordenação dos gastos públicos
destinados aos setores de saúde, alimentação, transporte e energia, e que
previa investimentos para os anos de 1949 a 1953. O plano Salte encontrou
dificuldades quanto a forma de financiamento. Acabou sendo extinto na
administração de Café Filho.
Política Econômica Interna
A política econômica interna de
Dutra, até 1949, foi marcadamente ortodoxa. A causa da inflação, identificada
como o pior problema, era o excesso de demanda agregada. O remédio foi política
fiscal e monetária contracionista.
A política monetária foi
pressionada pela expansão do crédito pelo Banco do Brasil. Principalmente
aquele voltado para a expansão da indústria. Esta expansão do crédito com a
política monetária frouxa levou a inflação a níveis de dois dígitos em 1949 e
1950.
É possível apontar pelo menos
três motivações para essa reversão na política econômica dos últimos dois anos
do governo: a proximidade das eleições; na medida em que a combinação de câmbio
sobrevalorizado com controle de importação resultava em vigorosos investimentos
na indústria de bens de consumo duráveis, aumentava a força e a demanda do
setor industrial. O governo acompanhava este movimento com uma política de
crédito ativa do Banco do Brasil. Por fim, a desvalorização da libra e de
outras moedas fortes mostrava que a livre conversibilidade das moedas seria
lenta.
Enviar um comentário
0 Comentários