Os conceitos básicos de risco e retorno são fundamentais para que possamos construir a teoria de avaliação de empresas, modelos CAPM, APT, WACC, etc.
Retorno absoluto e percentual
Imaginemos uma cota de fundo de investimento imobiliário comprado no início do mês por R$ 1500. No dia 15 ele infroma que pagará no final do mês (dia 30) o equivalente a R$ 16,50 referentes aos aluguéis do mês.
No dia 30, você recebe os R$ 16,50 e vende a cota do fundo a R$ 1.573,50.
Fundos de investimento imobiliário focado em aluguéis de lajes corporativas (escritórios) são como imóveis, porém com negociação em bolsa e possibilidade de vender pequenas parcelas do empreendimento, representadas pelas cotas. Por isso é normal que inicie o mês valendo R$ 1500 e termine valendo R$1550 ou R$1430.
Qual o retorno total desse investimento?
Em R$ (retorno absoluto) seria:
16,50 + 1573,50 - 1500 = R$90
Em percentual temos:
90/1500 - 1 = 0,06 = 6%
Nesse caso, como o período foi exatamente 1 mês, o retorno seria de 6% ao mês.
Ainda que você não vendesse a cota do fundo, o seu retorno seria 6%, pois poderia vender. E o seu patrimônio, naquele dia, seria de R$ 1590, independente de vender ou não.
Mas há uma diferença conceitual (e tributária) nos retornos provenientes dos dividendos (ou aluguéis) e do ganho de capital nas cotas.
Enquanto o fundo distribui rendimentos provenientes de alugués, isento de IR para pessoas físicas pela atual legislação, ações distribuem dividendos (ou juros sobre capital próprio).
Dividendos, até a presente legislação, não são tributados. Juros sobre o capital próprio (JSCP), que é outra forma de distribuir o lucro, são tributados em 15% para pessoas físicas, mas o investidor só ''vê'' o resultado líquido.
Já o ganho de capital (exceto por algumas regras especificas para ações) costuma ser tributado em 15% do ganho.
Qual seria o retorno com dividendos/alugueis?
(R$ 16,50/ R$ 1500) - 1 = 0,011 = 1,1%.
No caso dos aluguéis teríamos um rendimento de 1,1%. Se fossem dividendos ou JSCP, teríamos 1,1% de DIVIDENDO YIELD.
Guarde esse nome. Significa retorno com dividendos.
Já o ganho de capital:
(73,5/1500) - 1 = 0,049 = 4,9%.
Sendo mais preciso, se for necessário pagar o imposto sobre o ganho de capital (vai depender de uma série de variáveis, prejuízos a compensar, etc) teríamos:
Imposto = R$ 73,5 * 0,15 = 11,025
Ganho de capital = (R$ 62,475 / R$ 1500) - 1 = 0,04165 = 4,165%.
Em resumo, em investimento em ações, títulos de dívida até em projetos de investimento, temos o ganho com dividendos e o ganho de capital.
Retornos históricos
O retorno das ações brasileiras é medido pelo Índice Bovespa. Esse índice é interessante, pois traz uma percepção da evolução do valor de uma carteira de ações ao longo dos anos.
O pressuposto é de que os dividendos recebidos são reinvestidos nas mesmas ações. Não é necessário analisar o modo de cálculo do Índice Bovespa (IBOV) para os objetivos deste curso, mas é um material facilmente acessível pelo site da BFM&Bovespa.
Em finanças, infelizmente, o histórico de dados do mercado brasileiro é, praticamente, negligenciado. Todos os modelos, no Brasil e em outras partes do mundo, partem de parâemtros de mercados mais maduros, como o dos EUA por exemplo.
Como há milhares de empresas e títulos listados nas bolsas americanas, com dados precisos de mais de 100 anos, as estatísticas são menos viesadas e são consideradas como indicadores melhores paraos desempenhos da bolsa de valores e do mercado de dívida privada. Mesmo para ações brasileiras.
Retornos médios
Se pegarmos todos os retornos anuais de cada um dos grupos de ativos, a média, tão somente, a divisão do resultado da soma de todos os retornos anuis, pelo número de anos.
O aluno mais atento deve estar se perguntando se não deveríamos fazer uma média geométrica dos retornos (pois são juros compostos). Mas isso não é pertinente ao caso em questão. Estamos trabalhando as estatísticas básicas, pois não estamos tratando dos retornos acumulados, apenas dos retornos anuais.
O gráfico a seguir é interessante, pois mostra os resultados dentro do internalos de alta e baixa. Perceba que em 1931 tivemos retorno negativo inferior a -40%, assim como em 1937 chegamos a resultados negativos de menos de 30%.
Já em 1933 e 1954 foram anos com alta superior a 50%. O intervalo com maior número de retornos observados foi entre 20% e 30%, com 15 observações.
Percebe-se grande oscilações entre esses retornos, indicando o risco elevado de se investir em ações.
Mas algo salta aos olhos, a figura formada aproxima-se de uma gaussiana, o que indica ser semelhante a uma distribuição probabilística normal. A média global dos retornos dos ativos estudados é a seguinte:
O ativo livre de risco, que tem o fluxo de caixa menos arriscado (volátil), é o Treasure Bill, título público norte americano de curto prazo.
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